15/07/2009

Tassia Regino nos escreve sobre o Centenário de Patativa do Assaré

Homenagem ao Poeta PopularImage by Francisco (Gifted) via Flickr

Neste ano de 2.009 acontece o Centenário de Patativa do Assaré, poeta popular, compositor, cantor e improvisador brasileiro, nordestino. A data do centenário (5 de março) não foi registrada nos meus e-mails. Mas na semana passada um amigo me lembrou que neste dia 8 de julho fez 7 anos que ele morreu e então resolvi homenageá-lo agora. Patativa, cujo nome era Antônio Gonçalves da Silva, teve o apelido dado pela beleza de sua poesia, comparável à beleza do canto dessa ave, o mais bonito da região do Cariri, onde ele nasceu, na cidade de Assaré, na Serra de Santana, onde viveu toda a vida. Seu primeiro livro, Inspiração Nordestina, foi publicado em 1956. É o autor de “Triste partida”, música que o tornou conhecido por todo o país quando, em 1964, Luiz Gonzaga decidiu musicá-la, ao vê-lo recitar o poema. O poeta também falava de política, tendo sido perseguido durante o regime militar e participado ativamente da Campanha das Diretas, em 1984. Apesar de só ter estudado durante quatro meses na sua vida, era um grande poeta e possuía o título de doutor Honoris Causa dado por várias universidades. Em matéria do Site Brasil de Fato, o crítico literário Mário Chamie comenta que “enquanto um Guimarães Rosa, um João Cabral de Melo Neto e outros escritores eruditos convertem a matéria-prima da tradição oral em alta literatura, Patativa faz o inverso, serve-se da literatura erudita para enunciar uma linguagem de comunicação direta”. O Crítico Cláudio Portella diz que “Patativa, dono de uma memória extraordinária, sabia de cor todos os seus mais de mil poemas. Ele não burilava seus versos como os poetas de bancada fazem; seus versos e rimas brotavam em sua cabeça como as plantas brotavam em seu roçado. O poema nascia pron­to e exato, redondo, sem precisar de emendas.” Ele foi um poeta universal essencialmente falando de sua aldeia: seus poemas mais tocantes são os que tratam da vida do nordeste. Por isso, eu que “sou filha do Nordeste, (e) não nego o meu naturá” (verso de Vaca Estrela, Boi Fubá), hoje homenageio este poeta que tão bem nos traduziu, compartilhando com vocês alguns dos seus poemas e também um link do You Tube para Triste Partida, na voz do Luiz Gonzaga, a minha música predileta entre as que ele fez, que embora seja de uma tristeza sem fim, o verso que mais me pega é o da eterna esperança nordestina (a treze do mês ele fez a experiença/ Perdeu sua crença nas pedra de sá./ Mas nôta experiença com gosto se agarra,/ Pensando na barra do alegre Natá).
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