Da nossa amiga e colaboradora Tássia Regino :
Queridos Amigos e Amigas
Não estou conseguindo mandar meu alô semanal, mas tenho certeza que
vocês sabem que mentalmente estou desejando Boa semana a todos e todas.
O assunto é a celebração do Dia do Amigo, a ser celebrado na próxima
6ª, dia 20 de julho e seu recheio vem de um livro muito
legal que terminei de ler no feriadão passado.
O livro é “Minhas Amigas,
Retratos Afetivos”, de Joaquim Ferreira dos Santos.
É um livro levinho, com 100 pequenas crônicas, em que o autor, um
conhecedor da alma feminina (ele diz que não, que é apenas um repórter, um bom
observador), parte de amigas reais e suas histórias e mistura realidade e
ficção para falar de nós, mulheres e amigas.
Não é daqueles livros de ler de um fôlego só, por conta da repetição.
É daqueles prá gente ter na bolsa e ir lendo aos pouquinhos, fazendo uma espera
ficar legal, ou distraindo a cabeça num final de dia pesado.
Cada crônica começa com “Eu
tenho uma amiga” e segue com historinhas muito divertidas, como a Crônica
1, da amiga que não viaja sem uma nécessaire cheia de brinquedos eróticos, e
que “até hoje, o único problema foi num
vôo para Nova York. O balanço da mala acionou o mecanismo de um vibrador e, na
fila para o check-in, ele começou a se agitar com aquele barulho
característico. Algumas mulheres perceberam e deram um risinho de
solidariedade. Minha amiga, com o ar brincalhão de quem procurava um coelho
inconveniente que se jogara ali, abriu o zíper da mala, tateou em busca do
malandro e click. Abafou a ereção”.
Falando sobre o livro o autor diz ele reflete “o olhar carinhosamente
espantado de um homem para dentro do vestiário da existência feminina”.
Neste olhar, o grande ponto em comum das histórias é a busca do amor. Numa
entrevista para a Época, Joaquim disse que "diferente de antigamente, quando buscavam a proteção masculina (...) as
minhas amigas querem a presença do olhar masculino em sua reverência, seguido
da cumplicidade de afetos. Não estão mais de olho no bem patrimonial, pois têm
os seus. Receiam não ter os benquereres."
Para compartilhar com vocês e celebrar o Dia do Amigo, celebrando
especialmente as minhas queridas amigas, cada uma do seu jeito e todas cheias de
histórias prá contar, eu trouxe quatro das crônicas que achei mais legal,
incluindo a da amiga tatuou “Alegria” no pulso esquerdo e agora vai tatuar
“Festa” no pulso direito, para não deixar dúvidas de seus projetos. Eu podia
estar no time dela !!!
Meus amigos não fiquem tristes, eu também acho, como o Joaquim
Ferreira dos Santos, que “a amizade é um
patrimônio que independe de sexo”! E eu valorizo muito este patrimônio! Mas
com as amigas mulheres tem uma coisa especial, que é mais do que bom celebrar,
ainda mais quando tem um dica literária junto !
Então, queridos amigos e amigas, sintam-se todos homenageados no Dia
do Amigo e aproveitem o olhar atento do Joaquim sobre suas amigas !
Um Abraço,
Tássia
Postamos uma das crônicas indicadas pela Tássia:
CRONICA DA AMIGA Nº
23
Eu tenho uma
amiga que tatuou “Alegria” no pulso
esquerdo para que nos momentos de maior aflição olhasse a palavra e ela
funcionasse como um livro de autoajuda, um gol do Flamengo, uma sessão de
terapia, uma oração às seis da tarde na rádio mais popular da cidade. Queria a
vida posta do jeito feliz que deve obrigatoriamente ser. Tem horas em que a
tattoo dá mais certo que em outras, como acontece também com os mantras. Do alto
de sua colina no Cosme Velho, ela ajoelha-se ao coração do Cristo-morto na
cristaleira salva do espólio da avó. Leva a vida. A bússola de pulso demora a
sintonizar as energias da cidade, não pega direito no alto do morro, mas logo
deixará sua passageira no destino que merece. Outro dia ela me falou que vai
tatuar “Festa” no pulso direito. Não quer deixar dúvidas de seus projetos. Dei
força.