31/03/2011

Para não esquecer o famigerado golpe da direita de 01/04/1964


Image by Fotos Gov/Ba via Flickr





 Clara Charf | Fundação Perseu Abramo - FPA

publicado em 18/04/2006 por *Clara Charf

Dizer que o AI-5 implantou a ditadura, permitiu as cassações e perseguições políticas não é exatamente a verdade.

O AI-5 institucionalizou covardemente o que o golpe militar de 1964 fez desde o início – suprimiu as liberdades públicas, implantou o terror político e ideológico e desencadeou a perseguição em massa.

O poder militar instituído pela força subverteu a ordem constitucional, prendeu, espancou, torturou milhares de cidadãos em todo o país que exigiam uma sociedade mais justa do ponto de vista econômico, político e social.

Os métodos de tortura como o pau-de-arara, os choques elétricos nos órgãos genitais, queimaduras, mergulhos forçados, espuma nos olhos, espancamento nos rins e abdômen eram processos rotineiros para obter confissões dos presos, utilizados pela polícia e os encarregados dos inquéritos policiais militares.

Operários, camponeses, líderes sindicais de todas as categorias, líderes políticos, artistas, jornalistas, músicos, militares que se opuseram ao golpe, intelectuais, cientistas, advogados, magistrados, mulheres presas e ultrajadas, religiosos de todos os credos considerados subversivos – contra todos a ditadura voltou seu ódio, atingindo também os familiares dos perseguidos. Além da cassação de direitos políticos de pessoas que exerceram a presidência da República, passando por pessoas em todo e qualquer cargo público.

Segundo os relatórios dos IPMs (Inquéritos Policiais Militares) foram atingidas só entre 1964 e 1965 mais de 5.000 pessoas.

Com o terror implantado, as forças populares recuaram, mas não capitularam. Foi se formando uma frente de resistência. Pouco a pouco sindicatos lutavam por eleições livres, camponeses levantavam as suas reivindicações e defendiam suas lideranças da perseguição policial, estudantes defendiam as organizações estudantis e o direito de participar da vida política do país, os intelectuais enfrentavam os inquéritos defendendo a liberdade cultural, mulheres se solidarizavam com os presos, perseguidos políticos e exilados, presos reagiam nos porões dos órgãos de repressão, setores da imprensa desmascaravam a ditadura.

Dizer que o AI-5 era uma resposta à violência das forças populares é esconder que a primeira grande violência foi o golpe militar de 1964 que atingiu a nação e procurava manter as aparências legais.

Diante do inconformismo do povo o AI-5 tirou a máscara definitivamente. Fez ruir por terra todos os resquícios da legalidade. Implantou o terror aberto. Não se podia falar, cantar, participar. Tentaram acorrentar até os pensamentos. Virou país de uma nota só.

Meus direitos políticos foram cassados logo no início do golpe militar, por dez anos. Nunca me disseram por quê. Logo depois do golpe, nossa casa foi invadida pela polícia. Escapamos a tempo. Mas o Marighella foi baleado no dia 9 de maio de 1964, dentro de uma sala cinema cheia de crianças, onde ele havia entrado para escapar da perseguição policial. Foi solto então graças à solidariedade e às denúncias da imprensa.

Com o AI-5 nossa vida ficou terrível. Como enfrentar o dia-a-dia, trabalhar, ver a família, locomover-se? Muito difícil. A clandestinidade foi total. Fotos de Marighella por toda parte, apresentado como inimigo público nº 1. A angústia de ver e saber das torturas e perseguições por todo o país. E o povo resistindo. Em 4 de novembro de 1969 Marighella foi assassinado mas se rebelou até o último dia do seu assassinato, contra o golpe militar de 1964 e todas as conseqüências que se abateram contra o povo brasileiro.

Foram anos de terror e de valor, de dor e sofrimentos, de vocações interrompidas, de vidas ceifadas, de medo e coragem. A luta e a solidariedade salvaram vidas e foram abrindo as veredas da liberdade.

Tributo a todos e em especial às mães, aos familiares dos perseguidos, pela dedicação e perseverança que muito contribuíram para o fim do regime militar, para a anistia e a reconquista da sociedade de direito e as liberdades democráticas.

*Profissão: cidadã militante, companheira de Carlos Marighella.
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Blog do Chico: O GOLPE, OS DESAPARECIDOS E O DIREITO À VERDADE

Blog do Chico: O GOLPE, OS DESAPARECIDOS E O DIREITO À VERDADE: "As lembranças inocentes da primeira infância me dizem que eram tempos estranhos. Não entendia muito bem a movimentação e a correria na praça..."

28/03/2011

Sacerdote que benzia os voos da morte, denunciado quando oficiava uma missa.





(O capelão com o ditador Videla, hoje pre
so)

 Para quem não sabe, a feroz ditadura argentina, tinha  entre os anos de 1975 e 1976, um metodo para se livrar de seus oponentes. Os colocavam em uma avião, jogando-os à noite em mar aberto. Para mim uma só novidade nessa crueldade; a presença de um capelão que benzia esses voos. O professor Emir Sader, em um comunicado a mim enviado pelo tuiter sobre o fato escreve: @Limarco Alegava a Igreja argentina que os terroristas estavam possuidos pelo demonio. O capelão acompanhava os voos. Parece mentira, mas infelizmente foi verdade.

Notícia original em :
Jóvenes ubicaron a Ángel Zanchetta cuando oficiaba una misa

26/03/2011

O PT e sua democracia interna - publicado na A Tribuna de Piracicaba (link abaixo)



Publicado por admin em 26/03/2011na A Tribuna
Como tantas vezes tantos petistas – inclusive nós – já lembraram, o PT nasceu da resistência e da luta dos trabalhadores contra a ditadura militar e da consciência de que para garantir mudanças reais e vida digna era necessário disputar o poder e governar com projeto alternativo e popular. A ele se integraram milhões de brasileiros oriundos dos mais variados movimentos, com variadas posições quanto ao caminho a ser seguido para atingir esse objetivo. E é essa a origem do surgimento e organização de inúmeras tendências internas, que divergiam quanto aos meios para se atingir os objetivos estratégicos, mas que, ao longo do tempo, foram construindo e aperfeiçoando a convivência democrática e o respeito mútuo.

No PT, assim como em outros partidos e organizações da sociedade civil, uma coisa é o reconhecimento da existência sadia de correntes internas, o respeito às mesmas e o esforço para, sendo maioria, construir sábia e democraticamente a unidade na diversidade para garantir o sucesso do projeto estratégico. Sem essa prática, como apresentar-se nas disputas pelo comando da nação, dos estados e municípios, sem desrespeitar a principal característica da sociedade, que é a pluralidade e a garantia de direitos iguais para todos?

Outra coisa é, nesses 31 anos, o princípio democrático eventualmente ser desvirtuado por alguns integrantes de correntes, cujo entendimento de hegemonia é o de que se pode fazer o que melhor lhes convier, desrespeitar princípios partidários, ignorar as diretrizes que nortearam disputas pela direção, ficar com os melhores instrumentos de garantia de poder e atribuir o “resto” ao restante das correntes, até mesmo para as que obtiverem maioria de votos em processo eleitoral. É deslumbrar-se com a fugaz condição de maioria, renegar a possibilidade de unidade e dividir. Outra coisa também é a predisposição para, sem garantir direito de defesa, julgar à revelia e afastar da direção companheiros pelo fato de exercerem o sagrado direito da liberdade de opção por propostas conciliadoras. Quem, em seus espaços de atuação, já não se defrontou com posturas semelhantes?

Portanto, uma coisa é a existência sadia de correntes internas ... continue lendo, O PT e sua democracia Interna
Denize Lima é presidente do “Núcleo PT Comunidade”. Esther Rocha é secretária.


E se a Vale comprasse aqui, como compra a Petrobras?

E se a Vale comprasse aqui, como compra a Petrobras? Um dos questionamentos do Presidente Lula à Vale era, por que não se dá preferência à industria nacional ? Leia o texto do Brizola Neto

18/03/2011

Para romper o cerco midiático a Cuba



Matéria de Adriana Delorenzo, publicada no sítio da Revista Fórum:

“A melhor maneira de enfrentar o bloqueio midiático contra Cuba é a verdade”, disse Fernando Morais, autor de “A Ilha”, publicado em 1976. O livro, segundo ele, foi uma tentativa de furar o bloqueio, quando não existia nenhuma informação sobre o país que não fosse manipulada. Passados quase 40 anos, Morais acredita que o cerco midiático permanece, tentando apagar a Revolução Cubana de 1959 e desinformando sobre a situação real do país.

Esse foi o tema do debate que ocorreu na terça-feira, 15, na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, promovido pelo Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, em parceira com o site Opera Mundi, o Comitê dos Cinco Patriotas Cubanos e o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz). Na ocasião, foi lançado o livro “Cuba, apesar do bloqueio”, do jornalista Mario Augusto Jakobskind.

Leia mais : Jakobsind

16/03/2011

O MST para além de estereótipos e deturpações - Por Magali Moser

jornalistamagalimoser
Conheça a CooperDotchi, a cooperativa agrícola do norte catarinense que tem a cooperação como resistência para as famílias rurais
Na entrada do assentamento, a placa dá as boas-vindas ao visitante: “O futuro está na produção orgânica”. Ao lado da frase, o símbolo do Movimento Sem Terra (MST) identifica a área de 51 hectares, em Araquari, na região norte catarinense, a 20 quilômetros de Joinville. O local que abriga dez famílias é um dos 18 assentamentos produtores de alimentos para a Cooperdotchi, a cooperativa do MST que leva frutas e verduras sem agrotóxicos para a mesa de escolas públicas e entidades sociais da região. Criada em 2006, a entidade envolve 500 famílias e se consolida a cada ano a partir dos ideais de solidariedade e cooperação, contrariando a lógica capitalista. Não só garante a subsistência dos indivíduos, como possibilita investimentos para ampliar a própria cooperativa. As metas para este ano são audaciosas: aumentar a produção, que no ano passado chegou a 600 toneladas in natura, e partir aos poucos para a industrialização dos alimentos, a fim de evitar o desperdício. Ao todo, o MST conta com dez cooperativas em Santa Catarina.
Assentamento do MST em Araquari, no Norte de SC, é um dos produtores para Cooperativa Cooperdotchi

O principal movimento social de luta pela reforma agrária desde a década de 1980 tem nas cooperativas uma estratégia coletiva de organização da produção nos assentamentos. Um dos desafios da Cooperdotchi é a conquista do selo de certificação na linha agroecológica, partilhado do método de


Conheça a CooperDotchi, a cooperativa agrícola do norte catarinense que tem a cooperação como resistência para as famílias rurais

Na entrada do assentamento, a placa dá as boas-vindas ao visitante: “O futuro está na produção orgânica”. Ao lado da frase, o símbolo do Movimento Sem Terra (MST) identifica a área de 51 hectares, em Araquari, na região norte catarinense, a 20 quilômetros de Joinville. O local que abriga dez famílias é um dos 18 assentamentos produtores de alimentos para a Cooperdotchi, a cooperativa do MST que leva frutas e verduras sem agrotóxicos para a mesa de escolas públicas e entidades sociais da região. Criada em 2006, a entidade envolve 500 famílias e se consolida a cada ano a partir dos ideais de solidariedade e cooperação, contrariando a lógica capitalista. Não só garante a subsistência dos indivíduos, como possibilita investimentos para ampliar a própria cooperativa. As metas para este ano são audaciosas: aumentar a produção, que no ano passado chegou a 600 toneladas in natura, e partir aos poucos para a industrialização dos alimentos, a fim de evitar o desperdício. Ao todo, o MST conta com dez cooperativas em Santa Catarina.

Assentamento do MST em Araquari, no Norte de SC, é um dos produtores para Cooperativa Cooperdotchi

O principal movimento social de luta pela reforma agrária desde a década de 1980 tem nas cooperativas uma estratégia coletiva de organização da produção nos assentamentos. Um dos desafios da Cooperdotchi é a conquista do selo de certificação na linha agroecológica, partilhado do método de...
continue lendo Magali Moser

14/03/2011

Lula defende a democracia. Imprensa ignora


zé dirceu - um espaço para discussão no brasil

Se o Brasil venceu preconceito, outros países vencerão...
"Orgulho-me de ter sido o primeiro operário eleito presidente no Brasil, e de passar o poder para a primeira mulher. Se o Brasil conseguiu vencer o preconceito duas vezes na hora de escolher seus líderes, os outros países também conseguem".

A declaração, como vocês já concluíram, é do ex-presidente Lula ao participar no Qatar (Oriente Médio) de um fórum de discussões promovido pela emissora de TV Al Jazeera com foco central nas questões e tensões vividas pelo Oriente Médio, em particular os conflitos na Líbia e no Egito.

Na palestra em que falou sobre seus oito anos de governo no Brasil e como o exemplo brasileiro poderia influenciar outros países - especialmente os do mundo árabe - o ex-presidente assinalou ser "mais fácil entender o Oriente Médio quando entendemos que esses países precisam de mais democracia, mais igualdade e mais liberdade."

Ditaduras e direitos humanos

Para o ex-presidente é indiscutível que as economias dos países daquela região ficarão mais fortes, e não mais fracas, com essas mudanças. Lula também criticou a falta de "vontade política" de alguns governantes em encorajar ou até mesmo só encarar as mudanças.

Pois é, a fala do ex-presidente Lula em defesa da democracia passou em brancas nuvens na imprensa brasileira, salvo duas pequenas notas publicadas na Folha de S.Paulo de hoje - uma pequena notícia e uma nota-comentário na coluna Toda Mídia, do Nelson de Sá.

Já para criticá-lo em aspectos da política externa de seu governo e acusá-lo de defender, de ditaduras a desrespeito aos direitos humanos, a mídia brasileira não se cansava de dedicar páginas e páginas.

publicado no site do Zé Dirceu - leia + Discutindo o Brasil


12/03/2011

A imprensa começa a abrir a “caixa preta” das redações Postado por Carlos Castilho em 8/3/2011 às 23:06:59

           
Postado originalmente no: Observatóriio da Imprensa (link abaixo)
Os leitores que não são jornalistas me perdoem, mas este post é sobre um tema que tem tudo a ver com quem trabalha em redações. A revista dominical do jornal americano The New York Times passou a publicar na edição desta semana uma ficha no final de cada texto, onde além do nome do repórter ou comentarista, autor da matéria, é incluído também o nome do redator que editou o material e o email de ambos.Ficha de autores no final do texto na revista do NYT

É uma pequena inovação que, no entanto, sinaliza uma grande mudança no comportamento dos profissionais dentro de uma redação jornalística. Além de acabar com o anonimato dos editores, a alteração introduzida pela revista do NYT aprofunda o debate sobre a diferença entre autoria e transparência na publicação de uma reportagem jornalística.

A bem da verdade, ... leia +   Observatório

11/03/2011

Governo Dilma nem começou e já tem epitáfio?

Postado em 10 Mar 2011 - 2:09 no Portal  Teia Livre (link acima)
Governo Dilma nem começou e já tem epitáfio?
Postado por: Arnobio Rocha

Polêmica boa entre companheiros que preservam o respeito e buscam construir um diálogo saudável no seio da esquerda é fundamental para entendermos o momento atual, a conjuntura política e econômica. A dinâmica da luta de classes e a posição daqueles que se advogam de esquerda e revolucionária.

leia na íntegra: Epitáfio


08/03/2011

Chão de Estrelas - Composição: Sílvio Caldas / Letra: Orestes Barbosa

Orestes Barbosa

(Jornalista - Escritor - Gênio) 1893 / 1966
Foto postada no http://cifrantiga3.blogspot.com/2006/04/orestes-barbosa.html

Minha vida era um palco iluminado
Eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões
Cheio dos guizos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações
Meu barracão no morro do Salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou
E hoje, quando do sol, a claridade
Forra o meu barracão, sinto saudade
Da mulher pomba-rola que voou
Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda, qual bandeiras agitadas
Pareciam estranho festival!
Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional
A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua, furando o nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
Tu pisavas nos astros, distraída,
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão


06/03/2011

Ф Еskеrдоpата: Folha conta o milagre, mas não diz o nome do santo

Neste domingo de Momo, o jornal da família Frias brindou os leitores com uma detalhada reportagem de duas páginas sobre a revolução econômica em marcha no Nordeste brasileiro, mais especificamente em Pernambuco. Um ciclo de redenção econômica e social, atesta a matéria, acontece nesse momento na região mais pobre do Brasil puxado por uma "injeção de R$ 46 bilhões em investimentos públicos e privados previstos até 2014... (o conjunto está fazendo de ) "...Pernambuco, a nova locomotiva do Nordeste(e)... tem mudado não só a vida dos 8,7 milhões de pernambucanos, mas sobretudo permitido a volta dos retirantes que um dia caíram no mundo atrás de uma vida melhor (...)", continua ....