30/12/2011

A imprensa descobre o livro

Por Luciano Martins Costa em 28/12/2011

Demorou, mas finalmente a chamada grande imprensa – ou pelo menos os jornais paulistas O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo – admitem em seu noticiário a existência do livro A privataria tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr.
Nas edições de quarta-feira (28/12), os dois diários reproduzem uma nota distribuída pela filha do ex-governador José Serra, Verônica, na qual ela se defende das acusações contidas no livro. Coincidentemente, a revista Veja, que até o começo da semana ignorava a existência da obra, acaba de descobrir que o livro de Ribeiro Jr. é um best-seller e o inclui em sua lista dos mais vendidos. Mas faz uma média esquisita e, em vez de situá-lo em segundo lugar, conforme indicado pelas livrarias Cultura, Saraiva e Publifolha, decide que é o sexto mais vendido.
Já que a filha do ex-governador se manifestou, pode-se esperar que, antes de acabar o ano, os jornais ainda venham a tomar a iniciativa de publicar uma resenha do livro ou entrevistar o autor.
Sem notícia
Verônica Serra é apenas uma das pessoas citadas por Amaury Ribeiro Jr., entre parentes e amigos de José Serra, como acusadas de manter negócios em paraísos fiscais, para movimentar dinheiro das privatizações. Ela nega ter sido sócia de outra Verônica, irmã do banqueiro Daniel Dantas.
Ela afirma que apenas participou, com Verônica Dantas, do conselho da empresa Dedidir, que fazia checagem de crédito, verificação de identidade e processamento de assinaturas eletrônicas. Cada uma delas representava um investidor diferente. Argumentando que “participar de um mesmo Conselho de Administração, representando terceiros, não caracteriza sociedade”, Verônica Serra afirma que nem chegou a conhecer a irmã e sócia de Dantas.
A filha do ex-governador diz também que é mentira a afirmação, contida no livro, de que foi indiciada pela Polícia Federal por quebra de sigilo financeiro. No texto que complementa sua nota, a Folha informa que, em 2001, a Decidir, de cujo conselho Verônica Serra participava, foi alvo de inquérito da Polícia Federal por suposta quebra de sigilo de dados de milhares de correntistas no Brasil. O processo contra a empresa corre na Justiça desde 2003 e não há notícias na imprensa sobre essa acusação.
Se ela foi ou não indiciada, é fácil verificar: basta acessar o site da Justiça Federal em São Paulo e digitar i número 0000370-36.2003.4.03.6181. O nome de Verônica Allende Serra está lá.
Agora é notícia
A declaração da filha do ex-governador e ex-ministro – que foi publicada originalmente no blog de Eduardo Graeff, ex-secretário geral da Presidência durante o governo Fernando Henrique Cardoso (ver aqui) – é a primeira informação relacionada ao livro de Ribeiro Jr. publicada pelos jornais de circulação nacional. Antes disso, apenas referências em alguns artigos e frases esparsas.
O silêncio em torno do livro – que se tornou um fenômeno de vendas assim que foi lançado, há duas semanas – era motivo de constrangimento para a imprensa, diante da grande repercussão de suas denúncias através da TV Record e das redessociais na internet.
Afora um ou outro artigo, quase todos condenando liminarmente a obra, mesmo sem ter havido tempo para a leitura de suas mais de 300 páginas, os jornais se negavam a reconhecer sua mera existência.
Se os jornais entendiam que a reportagem de Amaury Ribeiro Jr. não tem fundamento, deveriam ter entrevistado Verônica Serra e dado espaço para sua defesa. Com a omissão, apenas estimularam a torrente de comentários na internet, que agravou ainda mais o efeito das denúncias.
O fato de ela ter preferido o blog de Eduardo Graeff dá um caráter partidário à sua nota e causa certo estranhamento – por que publicar no blog de um amigo e correligionário e não na imprensa tradicional?
Na introdução ao texto de Verônica Serra, Graeff se refere ao livro como “o mais recente dossiê fabricado contra o PSDB”, indicando claramente a intenção dos gestores de crise encarregados de lidar com o caso de manter a questão no ambiente político-partidário.
Personalizando a questão na simpática figura de Verônica Allende Serra e estendendo a polêmica ao âmbito partidário, quem sabe a imprensa esqueça de investigar as acusações contidas no livro a outros personagens ligados ao ex-governador.
Nem o dono do blog nem Verônica se referem ao fato – admitido por Ribeiro Jr. – de que a investigação contra parentes e amigos de José Serra foi iniciada como reação do ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves, também do PSDB, no contexto da disputa entre os dois políticos pela candidatura a presidente da República.
Em sua declaração, Verônica Serra rebate algumas das acusações contidas em A privataria tucana e promete recorrer à Justiça. Segundo a Folha de S.Paulo, ela vai processar não apenas o autor do livro, mas também os veículos de comunicação que têm reproduzido partes de seu conteúdo.
Se isso for verdade, finalmente teremos o assunto nas páginas dos jornais.
Texto originalmente publicado no OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA 

18/12/2011

Presentão de Natal

Famílias recebem moradia no Jd.Silvina

Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC

A sete dias do Natal, 100 famílias de São Bernardo receberam ontem o maior presente de fim de ano: um apartamento no Conjunto Habitacional Jardim Silvina. Foi a última entrega do ano na área de Habitação feita pela Prefeitura.
Os contemplados foram moradores do Assentamento Silvina - Oleoduto. Durante 30 anos o núcleo enfrentou problemas com enchentes, proliferação de ratos e esgoto correndo a céu aberto.
Mesmo com a mudança só depois do Ano Novo - a previsão é na primeira semana de janeiro - os moradores estão ansiosos e terão tempo de personalizar e fazer os acabamentos. Para eles, não teria como começar melhor o ano.
Há três noites a cozinheira Ilda Moreira de Oliveira, 47 anos, não dormia direito na expectativa de pegar a chave do lar. Ela, o marido e os dois filhos fazem planos. "É algo inexplicável saber que o apartamento é seu. Estamos comprando aos poucos os móveis", diz, bastante emocionada.
Para ela é mais do que sonho realizado. Casada há 13 anos, ela e o marido fizeram uma lista de desejos. "Não tínhamos condições e a nossa primeira meta era ter a casa própria. Hoje (ontem) ela se concretiza", comemora.
Há quatro anos Ilda e a família viviam com o Renda Abrigo da Prefeitura, que concede R$ 315 mensais, em chácara alugada no Pós-Balsa, após terem sidos retirados do assentamento. "Ficamos oito anos no barraco e o local era cheio de ratos. As enchentes também eram terríveis", recorda.
O casal Cleusa Reis, 65, e Raimundo da Silva, 66, nunca perdeu a esperança. Ele vivia na comunidade desde 1990, foi removido em 2008 e alugou casa no mesmo lugar. "Era área de risco, o esgoto ficava a céu aberto, além de ter insetos e ratos. Agora será o recomeço", ressalta.
O guarda Arnor dos Santos, 51, não conteve a alegria ao ver que foi contemplado com o apartamento revestido e pintado. "Não esperava tudo isso. Estou muito feliz, minha vida vai mudar", disse o morador, que vivia de aluguel no Parque São Bernardo.
Durante a entrega dos apartamentos de 42m², o prefeito Luiz Marinho (PT) enfatizou a importância das parcerias para concretizar ações. "É assim que conseguimos proporcionar melhorias à população." Também esteve presente no evento a secretária Nacional de Habitação, Inês Magalhães, e o superintendente regional da Caixa Econômica Federal Gilnei Peroni, além de vereadores e deputados.
A secretária de Habitação, Tássia Regino, reforçou que além das moradias, o bairro irá ganhar centro comercial, regularização fundiária e reconstrução de uma creche comunitária. Ao lado do conjunto habitacional está sendo construído o Centro de Educação Unificado Silvina com capacidade para atender 1.292 crianças entre zero e 10 anos.
O investimento na obra é de R$ 56,2 milhões, sendo R$ 19,8 milhões repasse do governo federal e contrapartida da Prefeitura no valor de R$ 36,4 milhões. A construção é executada por meio do Programa Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários. SC900,115
Entrega total será feita até o início do segundo semestre
Com a entrega das 100 unidades do Conjunto Habitacional Jardim Silvina, em São Bernardo, a prefeitura concretiza 300 apartamentos de um total de 532. "Até o fim do primeiro semestre e começo do segundo de 2012 as demais serão entregues aos moradores", ressalta a secretária de Habitação Tássia Regino.
Para o próximo ano, a expectativa é entregar cerca de 2.000 unidades. "Somos uma das administrações públicas que mais investem em habitação. Ao todo, nos quatro anos de gestão, serão beneficiadas aproximadamente 4.000 famílias", explica.
O contrato da administração por meio do Programa de Aceleração do Crescimento 1 prevê a entrega de 5.200 unidades. Dessas, 300 estão em processo de licitação e as demais em andamento. "Já o PAC 2 prevê cerca de 1.500, além da urbanização. Pelo menos 7.000 famílias serão beneficiadas."

Altamiro Borges: Jogo bruto contra CPI da privataria

Altamiro Borges: Jogo bruto contra CPI da privataria: Por Altamiro Borges Primeiro os tucanos e sua mídia se fingiram de mortos. Depois, eles tentaram desqualificar o autor do livro “A privata...

16/12/2011

Silêncio dos Indecentes

Reputo este texto do jornalista Luciano Martins Costa, contundente. O Livro "A privataria tucana" vendeu sua primeira edição em três dias. A imprensa se manteve silente, por que? Leiam parte do texto, e sigam o link para o Observatório da Imprensa.


Logo Observatório da Imprensa

As relações perigosas da imprensa

Por Luciano Martins Costa em 13/12/2011 na edição 672
Comentário para o programa radiofônico do OI, 13/12/2011
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O ruidoso silêncio dos jornais de circulação nacional em torno do livro A privataria tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., diz muito sobre o que tem sido, nos últimos anos, o viés político da imprensa brasileira. Mas deixa ainda mais obscuros os escaninhos da relação entre o ex-governador, ex-ministro, ex-prefeito e ex-senador José Serra com a cúpula das empresas de comunicação dos principais centros do país.
Repórteres que acompanham a carreira desse político paulista se habituaram há muito tempo a aceitar como normal sua ascendência sobre as cabeças coroadas da imprensa tradicional. Nunca ocorreu a ninguém – ou se ocorreu, nunca antes qualquer profissional havia enfrentado essa tarefa – vasculhar os segredos dessa estranha relação.
O livro de Ribeiro Jr., pelo menos nos trechos já divulgados em entrevistas que circulam pela internet e reproduzidos por blogs, levanta hipóteses que podem conduzir a conclusões perigosas demais para serem tratadas com leviandade. Talvez seja essa exatamente a razão pela qual os grandes jornais ainda não se dispuseram a entrar no assunto com a dedicação que ele merece.
Silêncio da imprensa
Se é verdade metade do que já se disse sobre a investigação de Ribeiro Jr., deve haver motivos para preocupações em muitas casas de boa reputação. Mais alguns dias e os primeiros compradores terão completado a leitura das 334 páginas do livro, e então o silêncio da chamada grande imprensa será de pouca valia.
Argumentando-se que é apenas a cautela do jornalismo responsável o motivo de tamanha retração – pois seria leviano conceder o aval da imprensa ao livro e seu autor sem uma leitura cuidadosa da obra – ainda assim não se pode escapar de uma comparação com outros livros sobre políticos publicados recentemente.
Não é mistério para as pessoas afeitas ao mister do jornalismo que muitas das resenhas publicadas pela nossa imprensa são produzidas por osmose, sem que os redatores de cadernos de cultura tenham que se dar o trabalho de ler inteiramente a obra analisada. O método é descrito deliciosa e ironicamente pelo escritor Ronaldo Antonelli, ex-redator do jornalismo cultural, em seu romance O crepúsculo das letras.
Foi assim, claramente, que alguns livros sobre políticos ganharam destaque recentemente. Principalmente aqueles escritos por seus desafetos, como foram os casos daqueles que têm como personagem o ex-presidente Lula da Silva.
Se o caso é de esperar que algum bom resenhista termine sua leitura, louvado seja o silêncio da imprensa em torno do livro-bomba de Amaury Ribeiro Jr. Caso contrário, pode-se dizer que se trata do silêncio dos indecentes.
Choque de realidade
Há evidências de que o viés conservador da imprensa nacional se transforma em padecimento mental. A possibilidade de que um livro venha a desfazer a imagem pública de um aliado político parece paralisar as grandes redações.
Mesmo a hipótese de que se trate de uma grande farsa, a esta altura muito improvável, seria motivo para que o tema atiçasse a curiosidade dos editores. Se nem a possibilidade de provar que se trata de uma armação, com a consequente canonização midiática de José Serra, é capaz de mover os grandes jornais, pode-se afirmar que a imprensa precisa de um choque de realidade.
Uma imprensa ruim ainda é melhor que nenhuma imprensa, mas para merecer o respeito da sociedade é preciso algum sinal vital de jornalismo, ainda que tênue. A imobilidade das grandes redações diante de um escândalo potencial como o que representa o livro de Amaury Ribeiro Jr. alimenta de argumentos aqueles que defendem o controle externo da mídia.
A melhor defesa é o esforço pelo jornalismo de qualidade, que inclui banir a prática da lista negra de pautas indigestas.
Leiam + artigos no OI


O ANALFABETO POLÍTICO.
O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.

Bertold Brecht

OLHOS DO SERTÃO: Rede Globo perdeu a vergonha, a dignidade e princi...

OLHOS DO SERTÃO: Rede Globo perdeu a vergonha, a dignidade e princi...: Tenho dito que o livro - Privataria Tucana de Amaury Jr - é um grande remédio para o surto de ética seletiva da grande imprensa desse país....