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26/11/2008
Essa viola, obra de arte.
As músicas da novela Pantanal
17/11/2008
O monarca selvagem dos sertões
Nada haver com algum membro das tradicionais famílias oligárquicas lá estabelecidas, desde o tempo do Onça.
14/11/2008
O laudo do acidente da Tam
13/11/2008
12/11/2008
Custeio do Memorial
11/11/2008
Que tristeza.
10/11/2008
A greve continua. E agora Zé?
09/11/2008
07/11/2008
Aníbal
05/11/2008
Família vende.
04/11/2008
Herói americano. Pois, não!
03/11/2008
Ponto de Vista
Tássia, recém-chegada de Moçambique, me enviou uma cronica escrita por Mia Couto, escritor moçambicano, tirada do seu liivro "Cronicando" escrito na década de 80. Após guerras, revoluções e anos de opressão, bem humorado escreveu:
A RUA DE PERNAS PRO AR
E foi o enormíssimo estrondo. No bairro, todos se inquietaram. Seria a guerra, ali chegada pé ante pé? Seriam morteiros, mortíferos? No estremunho dos lençóis fazia-se conta à morte.
Juvenal se levantou da cama, encandeou o escuro. A mulher, logo em reparos: ele que deixasse o mundo, ninguém lhe convidaria.
_ Não vês que há uma situação, mulher?
Ela insistia: nem situação não era. Quando muito aquilo seria um sonho, desses. Dona Evalinda costurava o marido ao seu medo. A escuridão, hoje em noite, é muito mortal. Mas, o Juvenal nem com isso. A esposa desfolhava o lençol em convite matreiro, lhe prometendo o mais quentinho da cama. Não, ele tinha que ir. Mesmo já cursara os treinos quase militares, desses destinados aos directores. A esposa riu desdenhosa. O Juvenal, com aquela vasta barriga, chumbara logo nos exercícios de placar. A pança charruava, em agrícolas funções.
_Tenho que ir ver o que se passa.
Evalinda lhe denunciou aquele esboço de valentia. A coragem dele era como os chifres do caracol: só saiam da boca para fora. Mas já Juvenal abrira a porta e rumara os passeios.
Na estrada lhe surgiu, extraordinário, o motivo do estrondo: um camião militar cambalhotado! As rodas ainda giravam bêbadas. Juvenal deu a volta ao veículo gigante, apreciando o insólito. Parecia um bicho verde-escuro nascido de um grande projecto, uma tartaruga prospectiva-indicativa. Olhou em volta: aquele acidente não tinha aparência. Não havia outra viatura, não havia desses postes do passeio que muito atrapalham a circulação nas estradas.
Juvenal espiou a cabina. O condutor, de cabeça para baixo, ainda remanescia ao volante. Parecia alheio à inversão da paisagem. Estivesse ele morto, suspeitou o residente. Fosse o motorista um mortorista. Mas a farda dele não transparecia mancha de sangue. Juvenal bateu no vidro, chamando a atenção do descondutor. Era um tipo de dimensões, a condizer com o camiãozarrão. Tão grande ele era que o uniforme figurava mais ser um unidisforme.
O homem se incomodou, desperto pelos toques na vidraça. Fingiu travar, rodou o volante como se ainda conduzisse. Que era? Como ousara aquele pedestre interromper a sua viagem? O pobre Juvenal logo começou de desculpar-se, tal era a verdade daquele motorista, posto em máxima dignidade, mesmo se de cabeça para baixo. O sinistrado entoou ameaças:
_ Não vês que somos um cortejo?
_ Um cortejo, pois claro, admitiu logo o Juvenal.
O senhor me seja doador de perdões, foi a minha esposa que me mandou ver o barulho.
_ Que barulho?
Pois, qual barulho? Ilusão da mulher, a Evalinda, ela devia de estar a ouvir as suas próprias mexas-mexas. Porque aquela noite, tão tranqüilinha, só oferecia silêncios. Juvenal rastejava submissionário.
_ Olha, ali está ela, de roupão. Vai para dentro, Evalinda, vai que aqui está cheio de cacimbo.
E sorriu-se para o condutor às avessas. Confessou: por momentos, acreditara que aquele camião se tivesse virado. Não, calma. Não estou a dizer que está. O que se passa, afinal é que a rua está de pernas para o ar. Aconteceu.
_Estou pedir guardar o camião.
Juvenal se admirou: de onde vinha aquela voz tão miúda? Olhou, era um moluwenw. O menino vestia-se de rasgões. _ Vai-te daqui, miúdo, suca, não incomoda o cortejo! Vai antes que apanhes.
_ Esse é seu filho? – perguntou-se o acidentado.
Meu filho? Juvenal se indignou: será que tenho cara de calamitoso? Eu não sou um qualquer, espreite ali a minha fachada residencial, veja a garagem, aquele EME-ele-esse , novinho em página?
_Patrão, estou a pedir guardar o camião.
O motorista, então, saiu do camião. Deu uma cambalhota no ar, sacudiu os ombros, alisou a farda. Juvenal tentou uma simpatia:
_ Já o sangue lhe descia na cabeça?
O outro nem ouviu. Inspecionava os vizinhos que, agora, se concentravam no passeio. Falou, com voz patenteada: então vocês não se envergonhavam, numa altura dessas, em véspera do Congresso, apresentarem uma rua virada ao contrário? Cabisbaixinhos, os moradores se condoíam.
_ E agora, por punição, vocês todos vão meter esse camião de cabeça para baixo.
O Juvenal, predispronto, incitou a multidão a ser participassiva.
_Vamos gente. Vamos endireitar o camião.
Endireitar, não, rectificou o motorista. Virar, conforme a alteração da rua. E todos, homens e mulheres, se aplicaram a revirar o gigante de ferro. Concluída a obra, o motorista se meteu no veiculo e acelerou fumos. O camião se fez ao escuro.
Os vizinhos, emudecidos, trocavam muito espanto. Nunca ali se juntou tanto sentimentos. Os mais velhos suspiravam: pudessem eles repreender a vida! Foi então que, sobre o silêncio, se fez ouvir o esganiço do menino:
_Patrões, estou pedir guardar a rua.
Donos da Mídia
NASCE UMA FERRAMENTA PODEROSA A FAVOR DA DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Por Leandro Uchoas, da redação, 31.10.2008
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