21/04/2009

Escândalos para todos os gostos

Por Luciano Martins Costa em 21/4/2009 Comentário para o programa radiofônico do OI, 21/4/2009 Os escândalos do Congresso Nacional voltam a ganhar destaque nos jornais de terça-feira (21/4). Desta vez, a novidade é que os desmandos no uso de passagens aéreas atingem a cúpula e o núcleo dos parlamentares que se tornou conhecido como a "banda ética", em contraposição à notória "banda podre" do Parlamento.Ou seja, parece que o Congresso assumiu como orientação a frase do falecido cronista Sérgio Porto, que sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta decretou: "Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos".O Brasil acaba de inventar a democratização das falcatruas.O presidente da Câmara, Michel Temer, e o deputado carioca Fernando Gabeira, aquele que levantou o dedo contra o antigo dirigente Severino Cavalcanti e ajudou a empurrá-lo para fora do cargo e do Congresso, acabam de admitir que também entraram na farra das passagens aéreas e permitiram que parentes seus viajassem ao exterior com bilhetes de suas cotas pessoais.Temer ainda tenta justificar-se, alegando que havia o entendimento de que o sistema de passagens para os deputados e senadores funcionava como uma espécie de crédito que podia ser usado ao bel-prazer. Gabeira promete ir ao plenário pedir desculpas. Com certeza vai chorar.Apenas um factóideNenhum dos dois, porém, oferece um esclarecimento sobre como funciona o sistema e como devem ser corrigidas as distorções compostas por décadas de benefícios acumulados, que transformam os parlamentares em cidadãos de categoria especial.Os jornais também deixam seu papel incompleto, ao insistir na reprodução dos escândalos sem realizar um esforço para decifrar o emaranhado de privilégios que fazem o Congresso Nacional parecer, ao cidadão comum, um circo de desqualificados que pouco trabalham e muito usufruem do dinheiro público.Um Parlamento enfraquecido pela reputação negativa é um convite ao surgimento de salvadores da pátria e um perigo para a democracia.Como já foi dito neste Observatório, o chamado Pacto da República, firmado na semana passada pelos líderes dos três Poderes, não passou de um factóide. Celebrado pela imprensa, o conjunto de entendimentos pela ética e a governabilidade ainda não produziu outro efeito do que a punição de um delegado da Polícia Federal, que foi acusado de abuso após algemar um banqueiro.*** ler + Observatório da Imprensa
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