01/03/2015


Nossa colaboradora Tássia Regino: "não tem sido algo exatametne relaxante"

Queridos Amigos e Amigas

Os tempos tem andado de difícil  e ler jornal não tem sido algo exatamente relaxante.  A  mesma   coisa   é  com   a internet,  especialmente  os sites  espe-cializados em notícias,  com  sua  varie- dade de temas  e  facilidade se seleção, por  vezes só aumentam esta sensação de que a vida está muito complexa.


Mas eu adoro ler jornais e também sites de notícias, e sempre encontro coisas tão legais que, como estratégia de fazer as pazes internas com os meios de comunicação, resolvi dividi-las com vocês. Neste meu momento Pollyanna, só não me peçam prá gostar do Rodrigo Bocardi e da nova linha editorial do Bom Dia, São Paulo ! rs rs.
Certamente inspirada pela Marina, minha neta, começo com uma crônica (publicada na Folha) que deu de forma linda uma notícia boa: O nascimento do Daniel, filho de Antonio Prata. Nela o pai dá boas vindas a Daniel com um esinamento que vale prá nós, especialmente quando a gente lê as más notícias dos jornais: “A vida (...) é confusa, Daniel. É confusa, chove, dói dente, costas e outros costados, mas vale muito a pena”
Depois do Antonio Prata e do Daniel, trago uma crônica muito legal do Blog do Jun Sakamoto, Somos Todos Rídiculos, um jeito de homenagear meus amigos que pensam diferente de mim. Na crônica ele trata desta coisa que tem crescido muito, que é a dificuldade de lidar com as diferenças entre as pessoas que já tem feito "ir pro ralo" amizades e relações. Ele começa a crônica citando uma frase que ele ouve muito e eu também: “Por que você é amigo de fulano de tal? Afinal, ele defende exatamente o oposto que você?” Ao longo da crônica ele trata da intolerância, fala da razão das amizades e conclui sugerindo (o que é meu mantra neste tema) que se busque a “tolerância no diálogo, mesmo que firme e duro, e se perguntem se acham que estão certos a todo o momento, uma vez que nossa natureza não é de certezas e sim de dúvidas e falhas que só poderão ser melhor percebidas no tempo histórico. “Ah, mas vocês faz isso?'' É um exercício cotidiano de desapego, tenho que confessar. Mas um exercício necessário.”. 
Para o email ficar mais levinho, trago um texto divertidíssimo do Veríssimo, só com bobagens, pra fazer rir: Sonoplastia.
E prá completar a crônica do Fábio Porchat, Colunista, que responde a uma pergunta que muita gente me faz: “Por que você não faz um Blog?”. O Fábio Porchat responde por mim: porque já tem “muita gente que escreve melhor”. Rs rs rs !
Espero que vocês gostem, que a seleção ajude a ver melhor um lado bom das redes e das noticias, e que vocês tenham uma semana leve e inspirada !
Abraços
Tássia

                                   _______***_________ 
DANIEL
Antonio Prata (Folha de São Paulo - 08/02/2015)
Se esta crônica está sendo publicada hoje, é porque nasceu o meu filho, Daniel. (Se esta crônica não está sendo publicada hoje, é porque ele ainda não nasceu, mas, se ele ainda não nasceu e esta crônica não está sendo publicada hoje, esta frase não tem razão de ser, uma vez que não será lida por ninguém além de mim e da Andressa, do "Cotidiano", a quem mando o texto no fim da gravidez, por precaução. (...). Obrigado, Andressa. Eu não quis dizer que a gente não era ninguém, mas é que as crônicas costumam ser pra mais do que duas pessoas. Se bem que, pensando melhor, nem todas. Esta aqui, por exemplo, é pra uma pessoa só. Afinal, como eu ia dizendo até ser interrompido pela visita inesperada de uns parênteses, se esta crônica está sendo publicada hoje, é porque você nasceu, Daniel.)
Você era ninguém, agora você é alguém -e, acredite, filho, essa é a coisa mais fantástica que pode acontecer com ninguém em todo o universo. Eu digo "acredite" porque não é exatamente um consenso por estas bandas ultrauterinas.
Há quem fique na dúvida entre ser ou não ser, há quem diga que chove muito ou pouco e que há dor de dente e nas costas e tantas outras dores do mundo que o melhor seria não ser ou ser granito ou fumaça, o que dá na mesma. Um homem muito sabido chegou a dizer que o que todo mundo quer é voltar praquele lugar morninho do qual você acabou de sair. Talvez ele tenha razão, mas, como a via é de mão única, eu digo para o seu alento: tem muito programa bom por aqui.
Não sei nem por onde começar, porque não sei ainda do que você gosta. Eu e a sua mãe vamos tentar mostrar um pouco de tudo, aí você decide. Carne, peixe, frango; Palavra Cantada, Ramones, Cartola; mar, campo, cidade; arara, camelo, avestruz; tinta, massinha, carvão; Corinthians, Corinthians, Corinthians -lamento, filho, mas, por mais pluralistas que sejamos, há algumas regras que precisam ser seguidas. Brincadeira, eu vou te amar mesmo que o seu avô te converta num são-paulino. Mas saiba que isso vai dificultar um pouco a nossa relação. E muito a minha relação com o seu avô. É uma escolha sua. E do seu avô. (Tá dado o recado, Mario Luiz.)
Daniel, prometo que vamos fazer o que estiver ao nosso alcance pra te ajudar, mas desde já peço desculpas por nossos inúmeros tropeços. Embora estejamos mais experientes depois da Olivia -duvido, por exemplo, que em vez de pomada pra assaduras passemos pasta de dentes no seu bumbum (as bisnagas eram idênticas! Caramba, Weleda!)-, alguns deslizes são inevitáveis.
Esta crônica tá meio confusa, verdade. É que é difícil esse negócio de dar as boas-vindas a alguém que chega ao mundo. Não sei se falo do Drummond ou do dedo na tomada, se calo ou te compro uma bicicleta. Tudo bem, faz parte. A vida também é confusa, Daniel. É confusa, chove, dói dente, costas e outros costados, mas vale muito a pena. Você não existia, agora existe: esse é o grande milagre diante do qual nos curvamos, crentes ou ateus, corintianos ou são-paulinos. Seja bem-vindo, meu filho, seja o que você quiser, seja o que você puder, desculpa qualquer coisa -e cuidado com as tomadas. 



Leonardo Sakamoto (Blog do Sakamoto - 30/01/2015)

Certas frases soam para mim como um estalar de martelo em uma bigorna. “Por que você é amigo de fulano de tal? Afinal, ele defende exatamente o oposto que você?” Aí sou obrigado a escutar um rosário de argumentos do porquê de uma pessoa X, Y ou Z ser inapropriada para o convívio social, dado os seus posicionamentos políticos, escolhas profissionais ou credos religiosos.
Gastei um bom tempo tentando explicar a razão de algumas amizades hoje. Daí, achei por bem resgatar este texto que já foi publicado aqui com a ressalva de que se você é daqueles que fazem questão de se cercar apenas de pessoas exatamente iguais a você, meus pêsames. Sua vida é monocromática demais.
Talvez o sobressalto e a tentativa de me convencer a largar mão de almoçar com alguém que considero agradável sejam até maior pelo fato de me enxergarem como uma pessoa progressista.
(Sobe fundo musical com “A Internacional''. O quê? O japonês é de esquerda? Quer o fim da propriedade privada? Mas ele tem iPhone! É um hipócrita! Por Nossa Senhora de Fátima! Ele curte os massacres comunistas! Vou abandonar este blog demoníaco! Sakamoto, volta pra Cuba, que é seu lugar! Vá ver Cuba lançar foguetes!)
Quando dou risada da situação ou insisto na perda de tempo dessa discussão, surgem teorias para explicar o comportamento humano – afinal, muitos acham que são PhD no assunto só por terem lido Sabrina:
– Então, são amigos desde o colégio!
– Não, o cara salvou ele de ser devorado por uma morsa mutante e, desde então, rola uma dívida de gratidão.
– Transplante de rim, sabe? Doação…
– Imagina, só é amigo porque o outro lhe emprestou dinheiro.
– Ah, ele faz isso para provocar e mostrar que é plural. Um pedante.

Acredito que meu ponto de vista está correto, mas isso não faz dele uma Verdade Absoluta – até porque verdades absolutas não existem, nem esta (isso é suficiente para dar um nó em alguns, mas vá lá). Não mais – ao contrário do que boa parte dos leitores de blogs acreditam. Uma outra pessoa pode defender que a forma mais correta de acabar com a fome, a violência, as guerras, a injustiça seja por outro caminho. Desse enfrentamento de ideias e de propostas sairá um vetor resultante que apontará para uma direção, dependendo da correlação de forças envolvidas, dos atores dedicados a isso, da aceitação dessas propostas pelo restante de uma sociedade.
Não acredito que o livre mercado seja a solução para tudo, mas há quem diga que sim. Ótimo, vamos discutir os argumentos que embasam as diferentes posições e não chamar o outro de canalha ou burro, esquerdista idiota ou direita fascista, e travar por aí a discussão. Ou pior, defender o fechamento de um veículo de comunicação.
Discordo visceralmente de muitas reportagens que leio, mas nem por isso acho que elas não tenham o direito de vir a público (a menos que tenham sido produzidas para incitar a violência contra outras pessoas). Pelo contrário, repetindo Voltaire, discordo, mas defendo o direito de que seja dito. A saída para contrapor uma voz não é o silêncio, mas sim outra voz (o fato de pessoas que defendem um ponto de vista semelhante ao meu não terem conseguido construir uma alternativa – ainda – diz tanto sobre a nossa incapacidade de comunicação quanto sobre o poder de fato do outro).
Muitos simplesmente repetem mantras que lêem na internet, ouvem em bares ou vêem na igreja e não param para pensar se concordam ou não realmente com aquilo. É um Fla-Flu, um nós contra eles cego, que utiliza técnica de desumanização, tornando esse outro uma coisa sem sentimentos. Isso é muito útil durante eleições polarizadas (como,ao que tudo indica, a deste ano), mas péssimo para o cotidiano.
Somos seres complexos com múltiplos níveis de relações. Tenho colegas conservadores politicamente, mas liberais em comportamento que guardo em muito mais estima do que colegas progressistas politicamente, mas com um discurso e prática comportamentais bisonhos. Pois não é possível defender a liberdade dos povos e transbordar machismo, tratando a esposa como uma serva em casa, não é? Crimes são cometidos e escondidos sob a justificativa de que determinado membro defende os ideais do grupo e, portanto, deve ser protegido. Seja em uma associação de produtores rurais, seja em um sindicato de trabalhadores.
É mais fácil pensar de forma contrária, preto no branco, os de lá, os de cá. Mas, dessa forma, a vida vai ficando mais pobre.
Sem o direito ao convívio diário com aqueles que pensam de forma diferente, estancamos em nossas posições, paramos de evoluir como humanidade. Do outro lado sempre estará um monstro e do lado de cá os santos. Isso sem contar a impossibilidade de apreciar tudo o que o outro tem de melhor – do ombro amigo à conversa inflamada em uma mesa de bar.
De uns tempos para cá, tornou-se mais frequente ter que defender algumas amizades publicamente diante de insultos de outros amigos, principalmente depois da campanha eleitoral do ano passado.
Nunca pensei que seria necessário dizer isso, mas peço a cada um buscar seu quinhão de felicidade à sua maneira e deixe que os outros façam o mesmo, considerando o quão contraditória é nossa sociedade capitalista.
Humildemente, sugiro que busquem a tolerância no diálogo, mesmo que firme e duro, e se perguntem se acham que estão certos a todo o momento, uma vez que nossa natureza não é de certezas e sim de dúvidas e falhas que só poderão ser melhor percebidas no tempo histórico. “Ah, mas vocês faz isso?'' É um exercício cotidiano de desapego, tenho que confessar. Mas um exercício necessário.

E riam mais de si mesmos. Porque #SomosTodosRidículos
                                 
                                      _______***_________ 

SONOPLASTIA 
Luis Fernando Veríssimo (O ESTADO   - 01/02/2015)
Carlos Alberto e Maria Cristina estão num motel. Toca o telefone celular que ele deixou na mesinha de cabeceira ao lado da cama redonda. É a mulher de Carlos Alberto, Cynara.
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Carlos Alberto - Oi, bem. 
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Cynara - Onde você está?
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Carlos Alberto - Ora, onde eu estou. Onde é que eu estou, todos os dias, a esta hora? Num engarrafamento. 
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Cynara - Vai demorar muito?
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Carlos Alberto - E eu sei? Há meia hora que eu estou parado aqui. O trânsito não anda. Só andam os motoboys. Você não ouve a buzina deles, passando?
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Cynara – Não
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Carlos Alberto (para Maria Cristina, tapando o fone) - Faz barulho de boy.
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Maria Cristina - Muuuu...
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Carlos Alberto (tapando o fone outra vez) - Mu, Maria Cristina? Mu?!
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Maria Cristina - Você disse barulho de boi.
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Carlos Alberto - De boy, Maria Cristina. De motoboy passando e buzinando!
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Maria Cristina (imitando buzina) - Bi, bi. Bi, bi. Bi, bi. Bi...
Carlos Alberto - Ouviu as buzinas?

<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Cynara - Eu ouvi um "muuuu".
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Carlos Alberto - Acredite ou não, acabou de passar uma vaca por aqui. Tem vaca na pista, dá pra acreditar? O trânsito desta cidade está tão bagunçado que tem até vaca solta...
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Cynara - Carlos Alberto...
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]--> Carlos Alberto - Olha, apareceu um guarda. Ó seu guarda! (para Maria Cristina, tapando o fone) Faz voz de homem. Finge que é um guarda.
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Maria Cristina (com voz grossa) - Pois não, cavalheiro
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Carlos Alberto - Por que está tudo parado? Estou aqui há meia hora, no mesmo lugar. Houve alguma coisa?
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Maria Cristina (com voz de guarda) - Capotou um caminhão carregado de animais, ali na frente. Espalhou bicho pra tudo que é lado.
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Carlos Alberto - Boa, boa. Quer dizer, que coisa horrível. Então era uma vaca mesmo que passou por aqui. Eu já estava pensando que era alucinação minha. Esse trânsito enlouquece qualquer um!
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Maria Cristina (com outra voz) - Vai uma água aí, doutor?
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Carlos Alberto - Não, obrigado.
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Maria Cristina (com outra voz) - Biscoito. Olha o biscoito.
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]-->

<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Carlos Alberto - Não. Ouviu só, Cynara? É só parar o trânsito que aparece vendedor de tudo...
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Maria Cristina - Bi,Bi, bi,bi, bi-bi...
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Carlos Alberto - E não para de passar motoboy!
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Maria Cristina - Mé..., mé..., mé...
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]-->

<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Cynara - O que é isso?
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Carlos Alberto - Ovelhas. Devem ser do caminhão que capotou. Nós estamos cercados de ovelhas.
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]-->

<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Cynara - "Nós", Carlos Alberto?
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Carlos Alberto - Eu. Eu e o carro. Eu e os outros motoristas.
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Cynara - Você está com alguém no carro, Carlos Alberto?
<!--[if !supportLists]-->-       <!--[endif]-->Carlos Alberto - Olha, o trânsito começou a andar. Vou ter que desligar!

  
Colunistas
Fábio Porchat (O Estado de S. Paulo - 08 Fevereiro 2015)

A dificuldade de se ter uma coluna num jornal é que muita gente que escreve melhor que você tem uma coluna num jornal. Não quero fazer comparações, não estou discutindo talento, aqui. Eu jamais me compararia ao mestre Verissimo, óbvio, mas que assusta, assusta.
Como ser engraçado se na página ao lado eu sei que alguém já está sendo hilário e inteligente ao mesmo tempo? Ou se no jornal vizinho já tem um José Simão fazendo rir diariamente!!!! E como falar sério, se tem pessoas bem mais indicadas para falar sério? A minha questão é: sempre vai ter alguém falando aquilo que você está falando, só que de forma mais clara, esperta, assertiva e coerente.
Muitas vezes, eu leio uma coluna e penso: é isso. Quase como que pensando, nem preciso escrever a minha coluna, o Drauzio já disse exatamente o que eu queria dizer e muito melhor.
Às vezes, dá vontade de fazer uma coluna dizendo: não perca tempo comigo, aqui, vá direto ler o João Pereira Coutinho. Será que, em vez de escrever, eu deveria continuar a ser apenas leitor? A autocrítica que faço é muito em relação ao que eu quero falar, que opinião quero dar. Ou melhor, de que vale dar a minha opinião? Como emitir algum pensamento se o Gregório Duvivier já vai emitir um, que, inclusive, será o meu daqui pra diante?
Se tenho alguma percepção do que está acontecendo ao meu redor e quero transpor isso pro papel, caio em uma armadilha. Se for pra falar a sério, o Contardo Calligaris é a pessoa certa, se for pra fazer uma observação bem-humorada da situação o Antonio Prata é o mais indicado. Como emitir uma opinião mais aprofundada sem antes ler o Roberto DaMatta? E pra que emitir uma opinião mais aprofundada depois de lê-lo? Já tá lá. Tá dito. Se o Cristovam Buarque falou, tá falado. Se resolvo falar de futebol, ou qualquer outro esporte, resolvo ler o Juca Kfouri e o Antero Greco e desisto. Eu nunca vou ser tão neurótico quanto a Tati Bernardi. Pra que contar histórias, se as do Nelson Motta são tão saborosas e divertidas? E se resolvo entrar num papo-cabeça, a Fernanda Torres é imbatível. Eu prefiro lê-la a escrever.
Veja bem, não é no sentido de competição que eu falo tudo isso, no sentido de que queria escrever como eles, não. É no sentido de admiração, aprendizado e interesse. E o meu interesse é ler o Marcelo Rubens Paiva e não me ler, entende?
Não estou me fazendo de coitadinho, aqui, não, acho que tenho talento, sim, e acho que consigo escrever. Mas como é duro ter que emitir uma opinião no meio de tanta gente boa. O que é ótimo, sempre é melhor nivelar por cima. Claro, existem péssimos colunistas e esses também são uma inspiração. Pro outro lado, claro, mas é sempre bom ficar atento aos muito ruins, porque a gente pode estar no meio deles e não ter se dado conta. E qual é o seu colunista preferido

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