05/08/2013

A navalha de Paulo Henrique Amorim. Por que interessa a Globo desconstruir as UPPs


Navalha
O destino de Amarildo é questão gravíssima, ainda mais se se confirmar a suspeita de que tenha desaparecido nas mãos de policiais lotados na UPP da Rocinha.
A Delegacia de Homicídios do Rio tem que dar uma satisfação à sociedade, com o esclarecimento do mistério.
Para isso, a Delegacia deve usar todos os instrumentos ao alcance de uma Polícia profissional – como a do Secretario Beltrame – , que opera no âmbito de uma Democracia.
Esclarecer o desaparecimento de Amarildo e de todos os trabalhadores que desaparecem nas mãos da Polícia.
Especialmente no Rio e em São Paulo, onde Caco Barcellos, por exemplo, fez levantamento minucioso e constatou que os mortos não chegam a ser identificados.
Morrem e somem, sem nome.
Amarildo pode significar uma nova era no comportamento da Polícia – do Rio e de São Paulo – onde a vida de um pedreiro valha tanto quanto a de um cachorrinho de madame no Leblon ou em Higienópolis …
Porém, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, diria o Juarez Soares, filosofo heideggeriano.
Uma coisa é o desaparecimento do Amarildo.
Pedreiro, negro, morador numa favela.
Outra é a instrumentalização da Globo.
A Globo elegeu o Amarildo a “crise” da vez.
Por que ?
Porque interessa à Globo desfazer o Sergio Cabral.
Desmanchar o Rio.
Desmoralizar as UPPs.
E o Gabeira é excelente veículo para os três propósitos.
Gabeira tem cabedais tão legítimos para desvendar a morte do Amarildo quanto a do Presidente Kennedy, em Dallas.
Foi Lee Oswald, Gabeira ?
Tem certeza ?
Oito em cada dez americanos acham que não.
Gabeira é um ex-petista.
O que só não é melhor para a Globo que um ex-comunista, como o Roberto Freire.
Gabeira é um arrependido militante da luta armada – um pitéu, para a Globo.
Gabeira é da bancada dos “éticos”.
Gabeira enfrentou o Eduardo Paes/Cabral na campanha para prefeito e quase ganhou.
Gabeira é uma celebridade.
Um Narciso discreto.
Por que desmontar o Cabral ?
Porque o Cabral fez um bom Governo.
Fez um bom Governo porque o Lula o bancou.
Cabral e Eduardo Campos – que hoje milita no campo da Big House (clique aqui para ler sobre o Eduardo Campriles) – são os governadores que mais devem a Lulilma.
Desmontar o Cabral é desmontar o Governo Lulilma.
A UPP só foi possível por causa da Dilma e do Lula.
A UPP é exemplar.
Modelo a ser copiado mundo afora.
Desmoralizá-la é desmoralizar o Lula e a Dilma.
Eduardo e Cabral devem a Lulilma a indústria naval e uma pequena empresa que passou a comprar no Brasil – do Rio e de Pernambuco -, uma tal de Petrobras.
O Cabral se arrebentou porque teve alguns defeitos capitais: governou para agradar a Globo – e a Globo não tem amigos, mas interesses – e, como o FHC e o Aécio, é do tipo de político que gosta de rico.
Foi fácil desconstruí-lo pelo lado da Arrogância do Poder, da frivolidade, do deslumbramento, da insensibilidade, da distancia do povo, do apartamento no Leblon na quadra da praia, da casa em Mangaratiba.
Agora, lamentavelmente, para se recompor com a Big House – exercício inútil – ameaça rever e desfazer algumas obras de seu bom Governo.
Não adianta.
Pode até merecer umas notinhas no Ancelmo, mas, cedo ou tarde, a Globo e o Gabeira pegam ele.
Hoje, a crise é o Amarildo.
Não deve durar muito.
Já, já, o Supremo, o Ataulfo Merval (*) e a FGV-Rio começam a julgar o mensalão.
Agora, sem a presença do brindeiro Gurgel, que foi capaz de passar a mão na cabeça do Cunha e dos malfeitos.
Mas, talvez o mensalão ofusque o Amarildo.
Quando, então, o Gabeira, o Catão de crochê, tratará do Dirceu e dirá “o que é isso, companheiro ?”

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