18/06/2024

O medo da morte


O genial Woody Allen (Cineasta e Ator), perguntado sobre a morte, respondeu: 

"Ela sempre teve um medo tremendo da morte.

Eu digo a ela que não há nada par se preocupar, porque se você já fez uma colonoscopia, você sabe.

Eles de dão uma injeção e você apaga, fica tudo escuro, pacífico, ótimo. 

Então, a morte é como uma colonoscopia, o problema é que a vida é como o dia da preparação para a colonoscopia/"  

11/02/2024

O linguajar peculiar do Ibrahim Sued, que foi um dos principais, senão o principal, colunista social das décadas de 80 e 90. Escrevia no O Globo (de onde pincei este assunto).

 

Ademã, que eu vou em frente — Saudação final nos programas de TV

Bola Branca! — Exclamação de agrado

Bola pra frente — Ir em frente (expressão criada por Tico Liberal)

Bola preta! — Exclamação de desagrado

Bomba! Bomba! Bomba! — Furo de reportagem (anúncio de um)

Bonecas e deslumbradas — As mulheres lindas e bem nascidas, as novas-ricas

Café society — Top da granfinagem, referência ao high society

Cavalo não desce escada — Alerta, aviso para se tomar cuidado

Caixa alta — Sujeito com grana

Caixa baixa — Sujeito metido a rico

Os cães ladram e a caravana passa — provérbio árabe, do qual se apropriou

Cocadinha — Nome que dava às moças bonitas de pele dourada pelo sol

Dama de preto — Mulher antipática, encontrada por Ibrahim nos acontecimentos que frequentava

De leve — Ir com calma (advertência)

Depois eu conto — Aviso de que haverá continuação da notícia, suspense

As dez mais — lista das dez mais elegantes, mais bonitas e as principais anfitriãs

Domingo, dia de pernas de fora — Dia de estar à vontade

Ela passou e deu aquele alô — Mulher linda e simpática

Em sociedade tudo se sabe — Estar por dentro das coisas na alta roda

Fio especial — Fonte de informação confidencial

Geladeira (ficar na) — Não ser citado por Ibrahim

Gigi, eu chego lá — Exclamação de otimismo

Kar — Elegante

Locomotiva — Pessoa que comanda (naturalmente) um grupo ou um acontecimento

Maracujá de gaveta — Mulher velha, enrugada

Não me mandem canetas — Protesto contra a censura do AI-5, por não ter liberdade de escrever naquele período

NI — Abreviação de Notória Importância (pessoa de)

Níver — Aniversário

Padre de passeata — Padre que se mete em política

Pé no jato! — O mesmo que “Bola pra frente”

Pantera — Mulher linda

Pão com cocada (Geração) — Juventude dourada. A expressão cocada se deve à cor dourada de sol das meninas; pão era como as moças chamavam os rapazes bonitos

Periferia — Aqueles que estão por fora da sociedade; os não colunáveis

Rebu — Confusão

Sábado, dia de saias curtas — Dia de roupas informais

Sorry, periferia — Confirmação de um furo (usada para chatear os concorrentes)

Su (Um) — Coisa que faz sucesso

Xangai — Cafona; coisa de mau gosto



Leia mais: 
https://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/o-abecedario-de-ibrahim-sued-de-adema-que-eu-vou-em-frente-sorry-periferia-17678779#ixzz7nAH0CpvV
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09/11/2023

O último país a libertar os escravos

 O ÚLTIMO PAÍS DO OCIDENTE A LIBERTAR OS ESCRAVOS / Texto do Engenheiro Sérgio Cunha 

Diversas vezes vi na TV e li em jornais, afirmações feitas por jornalistas e mesmo sociólogos, que uma das provas irrefutáveis do conservadorismo de nossas elites e do sentimento refratário deste grupo em permitir reformas sociais, estava no fato de que o Brasil teria sido o último país do ocidente a libertar os escravos, em 13 de Maio de 1888, através da Lei Áurea, que trouxe como consequência, inclusive, a queda da monarquia em nosso pais (1889). Um prezado amigo meu, CARLOS PACHECO, que esteve por diversas vezes na República da Costa do Marfim como contratado da FEMECAP (Federação Meridional de Cooperativas Agropecuárias), sediada em Campinas, com a finalidade de coordenar projetos agropecuários e que se tornou inclusive, Assessor do Governo local na preparação de uma legislação relativa à certificação de sementes, alertou-me para o fato de que tal afirmação não corresponderia à verdade e que a França teria sido o último país ocidental a tomar tal decisão. Durante algum tempo planejei fazer uma pesquisa a esse respeito, sem que houvesse tempo disponível. Porém com minha enfermidade no final do ano passado, aproveitei o tempo de ócio da recuperação para fazê-la e o resultado da mesma eu gostaria de dividir com os colegas, sendo o seguinte o que pude apurar:

I.A VERDADE

Na verdade, o último pais do ocidente a abolir o trabalhoescravo, foi a França, com a lei “HOUPHOUET – BOIGNY”,de 11 de Abril de 1946.

II.O QUE REALMENTE OCORREU

Como reconhecimento à participação de forças militarescompostas por cidadãos das Colônias Francesas (Argélia,Camarões, Costa do Marfim, Gabão, Indochina, Madagascar,

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Marrocos, Senegal, Sudão, Tunísia, etc...) na II Guerra Mundial e portanto na libertação da França, foram admitidos 1(um) representante de cada uma das Colônias, na Assembléia Nacional Francesa de 1945. Aqui convém lembrar que esta Assembléia precedeu a Assembléia Constituinte da IV República.

Para espanto de seus participantes, os representantes das Colônias apresentaram em conjunto e como primeira proposição:

“LA SUPPRESSION RADICALE ET IMMEDIATE DU TRAVAIL ESCLAVE”.

Esta agitação deveu-se ao fato de que tal reivindicação estava sendo ouvida por alguns deputados pela primeira vez, pois o trabalho escravo não existe na Constituição Francesa, mas sim no “Estatute des Territoires”, que constava por sua vez em um dos artigos da Constituição Metropolitana, como o diploma para a administração das Colônias (Sem Detalhamento).

Apesar da comoção, houve de imediato uma reação, principalmente sob os auspícios da Chambre de Commerce, Chambre d’Agriculture e des Mines, que agrupavam os maiores interesses da Instituições Privadas nas Colônias.

De início foi exigido um representante único para as discussões deste assunto e proposto que fosse editado um decreto, com a supressão de toda forma de trabalho obrigatório.

O representante escolhido foi FELIX HOUPHOUET-BOIGNY, da Costa do Marfim, que rejeitou a forma de um decreto, pois o mesmo poderia posteriormente ser modificado, atenuado em suas aplicações práticas e mesmo anulado, dependendo das influências da época e também rejeitou o termo “trabalho obrigatório”, que de uma certa maneira, mascarava o odioso desta prática.

Os debates foram acalorados e o problema de fato somente foi resolvido quando tornado público, o que provocou um verdadeiro escândalo junto à população francesa.

Também de grande importância foram as participações de Felix Houphouet-Boigny nos debates da Assembléia, principalmente os de 21 e 23 de Março de 1946.

Seria interessante repetir pequenos trechos destas participações, que calaram o plenário:

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−“A França sofreu muito sob a ocupação alemã eprincipalmente com o trabalho obrigatório que lhe foiimposto, com a deportação de mão de obra, separandofamílias às vezes de forma definitiva. Por causa disso, adelegação francesa está levando a Nuremberg umaacusação formal de autoritarismo, crueldade ehumilhação para aqueles que ordenaram tais ações,pedindo inclusive a pena capital para os mesmos”.

Como pode então a França ter esse tipo de atitude,quando perpetua a escravidão para os seus territórios?

−“O prestígio da França não reside na servidão dos povos,nem na força de suas baionetas, mas em sua História, quea fez grande sob um ideal elevado de justiça, de liberdade,de igualdade e de fraternidade humana”.

III.FINAL

A lei foi promulgada em 11 de Abril de 1946, teve votação quase unânime e recebeu o título de “L’ABOLITION DU TRAVAIL FORCÉ:- LOI HOUPHOUET-BOIGNY”.Por consenso (ou por pressão), o termo foi suavizado para trabalho forçado.Meu amigo Carlos Pacheco, que conhece os trâmites legais e fala francês correntemente, solicitou, a pedido meu, uma cópia do original dessa lei, publicada no “Journal Officiel de la République Française” (Diário Oficial da França) e aqui eu junto uma cópia do original dessa página.“AH! SEIGNEUR, ÉLOIGNE DE MA MEMOIRE LA FRANCE QUI N’EST PAS LA FRANCE, CE MASQUE DE PETITESSE ET DE HAINE SUR LE VISAGE DE LA FRANCE!”

PIERRE DE PAIX (CHANTS D’OMBRE)

L.S. SENGHOR

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“AH! SENHOR, AFASTA DE MINHA MEMÓRIA A FRANÇA QUE NÃO É A FRANÇA, ESTA MÁSCARA DE PEQUENEZ E ÓDIO SOBRE A FACE DA FRANÇA!”

ORAÇÃO DA PAZ

(CANTOS DO HOMEM)

L.S. SENGHOR

Obs.: Leopold S. Senghor foi um dos representantes africanos que na Assembléia Nacional Francesa, lutou, junto com os demais, pela promulgação dessa lei de 11 de Abril de 1946.

Posteriormente ele foi eleito Presidente do Senegal, tendo sido considerado um dos melhores Chefes de Estado daquele país.

IV.BIBLIOGRAFIA

−HISTOIRE DE L’AFRIQUE CONTEMPORAINE

M.CORNEVIN

−FELIX HOUPHOUET-BOIGNY – L’HOMBRE DE LA PAIX

PAUL-HENRI SIRIEX

São Paulo, 05 de Abril de 2003

SÉRGIO CUNHA _ ENGENHEIRO CIVIL

"Arquiteto, planejador, cidadão" pelo professor Ruy Debs







04/11/2023

História 

Em seus últimos momentos ali, Polgar escreveu uma mensagem para o governo dos EUA que dizia: "Esta será a mensagem final da estação de Saigon. Foi uma luta longa e perdemos. [...] Aqueles que não conseguem aprender com a história são forçados a repeti-la. Esperemos que não tenhamos outra experiência no Vietnã e que tenhamos aprendido nossa lição. Saigon assinando"… - 


30/07/2020

Sobre as bandeirinhas (chuva de prata) do 4º Centenário

Foi uma festa! Os poderosos holofotes do Exército, postados no vale do Anhangabaú miravam o céu, enquanto dos teco-tecos (apelido carinhoso dos pequenos aviões Paulistinhas e Cap4) eram arremessadas as famosas bandeirinhas prateadas. Imaginem; o céu cintilava! Mas, poucos sabem que houve um lado trágico nessa festa. De um dos aviões um saco que continha milhares de bandeirinhas, escapou caindo sobre um grupo de expectadores. Infelizmente houve morte. Lembro de ter ouvido essa notícia nos idos de 1960, ficou gravada no meu "hd" .  Recentemente pesquisei no google e descobri que o acidente realmente havia acontecido.


05/10/2019

o CAFÉ é tudo de bom. (via Estadão)


17 de março de 2006 - 20:20

Café protege o fígado contra cirrose e câncer

Cientistas acreditam que a bebida contém antioxidantes que diminuem o risco das doenças
EFE
ROMA - Doenças graves como a cirrose e o câncer, especialmente quando causadas pelo consumo excessivo de álcool, segundo um estudo do instituto italiano Mario Negri. Os resultados da pesquisa foram detalhados durante um congresso sobre doenças hepáticas realizado nesta sexta-feira em Roma. O café provou ter propriedades benéficas se for consumido em doses adequadas.
O especialista em gastroenterologia Adolfo Francesco Attili, da Universidade La Sapienza, ressaltou a importância dos resultados porque "podem levar à descoberta de moléculas protetoras contidas no café, provavelmente antioxidantes", mas lembrou que o excesso delas pode causar problemas como taquicardia e insônia.
Já Alessandra Tavani, do Instituto Mario Negri, uma das autoras do estudo, explicou que quanto maior o consumo de café, menor a presença da enzima gama-glutamil transpeptidase (GGT), também chamada de transferase, que é um dos indicadores da cirrose.
O café também reduz a presença de outra enzima que mede os danos hepáticos, a alanina transaminase (ALT), afirmou Tavani.
Ela acrescentou que vários estudos demonstram que, entre os consumidores de álcool, aqueles que bebem quatro ou mais xícaras de café por dia têm um risco de cirrose cinco vezes menor que aqueles que não tomam café. O risco de morte pela doença é reduzido em 30% nos pacientes que consomem muito café.
O mesmo acontece com o hepatocarcinoma, a forma mais freqüente de câncer de fígado. Diversos testes realizados nos últimos anos indicam que o consumo de café reduz o risco de desenvolver este tipo de tumor, segundo Tavani.
A chave estaria na própria cafeína e nos numerosos antioxidantes presentes na bebida, como o magnésio e o ácido clorogênico, embora os pesquisadores achem que poderia haver outras moléculas protetoras ainda a serem identificadas.
Apesar de tudo, os analistas insistiram na necessidade de não abusar do cafezinho. Eles disseram que as substâncias benéficas poderiam ser usadas como base para novos remédios e tratamentos.


29/05/2018

O dedo do STF e do Judiciário no caos institucional causado pela greve dos caminhoneiros. Por Kiko Nogueira

Por Kiko Nogueira, no DCM (Diário do Centro do Mundo)
Carmen Lúcia não cumpriu sua missão constitucional, fosse ela qual fosse, nem tampouco trouxe a prometida “pacificação” das instituições, como admitiu candidamente.
Sem o protagonismo exacerbado do Judiciário, o show diário de ministros boquirrotos do STF, o vôo solo de Sergio Moro, o presente pandemônio que vivemos não seria possível.
A greve dos caminhoneiros tem o dedo do Supremo. No entanto, seus membros agem como se não tivessem nada com isso.
Luiz Fux participou, na manhã desta segunda-feira, dia 28/, de um evento sobre os 30 anos da Constituição no Rio de Janeiro.
Um dos patrocinadores era o jornal O Globo, como de hábito.
Segundo Fux, a paralisação “acendeu um sinal quanto à própria realização das eleições”.
Se um movimento semelhante ocorrer em outubro, a distribuição de urnas eletrônicas e a locomoção de pessoas até os locais de votação pode ser afetada, acredita.
Como “cidadão” — sempre a mesma lenga lenga, como se fosse possível dividir o sujeito entre duas entidades, bastando-lhe usar um chapéu diferente —, considera a greve “absolutamente irresponsável”.
A seletividade da Justiça, a demonização dos políticos por parte de Luís Roberto Barroso, o populismo mequetrefe — tudo isso ia dar no quê?
O desastre institucional passa pelo impedimento de Lula assumir a Casa Civil; a orquestração do impeachment de Dilma liderado por Eduardo Cunha; a não votação das ADCs sobre a prisão em segunda instância.
Em fevereiro, Cármen participou de um jantar com representantes de petroleiras estrangeiras. Reuniu-se com Temer em sua casa para tomar um chá.
Sob as barbas do Supremo, a Lava Jato contribuiu para o desmonte das empresas nacionais. Houve um esfacelamento das empreiteiras e de produtores agropecuários como o grupo J&F.
A sombra que cresce agora é a da queda de Michel Temer.
É um salto no escuro.
Para quem assumir? Rodrigo Maia? Cárminha? Quem acredita que teremos eleições diretas?
Quem acredita na Constituição?
Eis o papel da turma de Cármen: a destruição do Brasil. Perto deles, os caminhoneiros são ursos pandas.

28/05/2018

A história desconhecida.


Recebi pelo whatsapp. Penso se bem didático, assim sendo vale uma postagem. Desconheço o autor mas não os fatos narrados. É a história de um Brasil recente. 


A HISTÓRIA QUE OS INOCENTES DESCONHECEM...

Nos últimos dias, várias pessoas desinformadas passaram a fazer publicações falando uma série de bobagens sobre a História do Brasil e pedindo a VOLTA DO MILITARES ao poder. Essas pessoas argumentam que no período da Ditadura não havia CORRUPTOS e não havia CORRUPÇÃO. Essas pessoas devem imaginar que políticos como Sarney e Maluf são jovens de 15 anos de idade, nascidos em 2003, quando Lula assumiu a primeira vez o governo. As pessoas que pregam a INTERVENÇÃO MILITAR e o ÓDIO AO PT acreditam que a corrupção no Brasil começou em 2003...


Então, vamos relembrar alguns fatos que os inocentes não sabem:


01 – O Facebook surgiu em 2004 e o Watsapp surgiu em 2009. Antes desse período, a História do Brasil já existia nos livros, embora as pessoas que pedem INTERVENÇÃO MILITAR não saibam disso, porque as pessoas que pedem intervenção militar preferem imagens e odeiam ler textos com mais de TRÊS LINHAS. Por esta razão, ficam sem saber de nada e compartilham tudo que encontram, sem saber o fundamento.


02 – As pessoas que pedem a INTERVENÇÃO MILITAR não sabem que José Sarney entrou no mandato a primeira vez em 1954 e saiu em 2014, tendo ficado durante 60 anos exercendo mandato. Essas pessoas também não sabem que Maluf começou a vida política como presidente da Associação Comercial de São Paulo, em 1964 e que até hoje está no mandato. Maluf foi um dos maiores apoiadores do Golpe Militar de 1964 e aliado de todos os generais. Sarney e Maluf são apenas dois dos grandes amigos e aliados políticos dos generais da Ditadura. A presença deles era normal nos jantares do Palácio do Planalto.


03 – As pessoas que pedem a INTERVENÇÃO MILITAR não sabem que jornais, rádios, TV’s e outros veículos de comunicação eram proibidos de criticar o governo durante o período dos generais e tinham autorização somente para fazer elogios. Por causa disso, os desmandos e a corrupção do período estão apenas nos livros de história. Como as pessoas que querem a intervenção odeiam os livros, MAIS DO QUE ODEIAM O PT, logicamente que elas não sabem da história dos governos dos generais e fazem questão de não saber.



05 - As pessoas que pedem a intervenção militar acreditam que a Odebrecht foi fundada por Lula e Dilma. Elas não sabem que a empresa foi fundada em 1944 e ganhou porte de gigante durante a Ditadura Militar. A Odebrecht foi denunciada em uma CPI em 1978 e 1979, que investigava corrupção e propina nas obras do COMPLEXO DE ANGRA. Esta obra começou no governo MÉDICI (um dos mais rigorosos generais da Ditadura) e foi até o governo Figueiredo.


06 - As pessoas que pedem a INTERVENÇÃO MILITAR não sabem a USINA DE ITAUPU foi construída pelos militares. A maior produtora de energia elétrica do mundo provavelmente também foi a obra em que mais se desviou verba pública durante o regime militar. Em 1979, o embaixador José Jobim foi encontrado morto com uma corda no pescoço. Sua filha afirma que uma semana antes ele estava na posse de João Figueiredo e havia anunciado que escreveria um livro sobre a corrupção na construção da usina. Jobim participou do empreendimento indo ao Paraguai para negociar as turbinas com a empresa Siemens. Sinais de sangue nas roupas e os pés encostados no chão, mas o investigador concluiu que teria sido "suicídio" sem sequer abrir o inquérito. Nem vamos citar aqui os escândalos do obra da PONTE RIO-NITERÓI.


07 – As pessoas que pedem a INTERVENÇÃO MILITAR não sabem quem foi Delfim Neto e não sabem que ele foi ministro da Fazenda durante o governo Costa e Silva, Médici, embaixador na França durante o governo Geisel e ministro da Agricultura no governo Figueiredo. Sobre ele pesam as suspeitas, também abafadas pela censura e pelo encobrimento de tudo o que ocorreu durante os governos militares, de ter facilitado a Camargo Correa na construção de outras duas hidrelétricas, de Água Vermelha (MG) e de Tucuruí. As denúncias foram publicadas no livro "Ditadura Acabada" de Élio Gaspari.


08 – As pessoas que pedem a INTERVENÇÃO MILITAR não sabem que um dos nomes mais conhecidos dos governos militares, atuando na captura, na tortura e no assassinato de presos políticos, o delegado paulista Sérgio Fernandes Paranhos Fleury foi acusado pelo Ministério Público de associação ao tráfico de drogas e extermínios. Apontado como líder do Esquadrão da Morte, um grupo paramilitar que cometia execuções,  fornecendo serviço de proteção ao traficante José Iglesias, o "Juca", na guerra de quadrilhas paulistanas. No fim de 1968, ele teria metralhado o traficante rival Domiciano Antunes Filho, o "Luciano", com outro comparsa, e capturado, na companhia de outros policiais associados ao crime, uma caderneta que detalhava as propinas pagas a detetives, comissários e delegados pelos traficantes.


09 – As pessoas que pedem a INTERVENÇÃO MILITAR não conhecem a história da rodovia TRANSAMAZÔNICA. Conhecida por ser a estrada que liga o nada ao lugar nenhum, a Transamazônica foi uma obra faraônica bilionária e inconclusa por parte dos militares, durante o governo Médici (1969 - 1974). O projeto previa a ligação do Cabedelo, na Paraíba, à cidade de fronteira Benjamin Constant, no Amazonas. A ideia era seguir até o pacífico pelo Peru e o Equador, uma roubalheira realmente sem limites, combinado ao desmatamento da mata, expulsão de povos indígenas e seringueiros. No fim, a Transamazônica terminou 687 km antes, em Lábrea, e, claro, sem asfalto. Nem por isso, deixou de custar a bagatela de US$ 1,5 bilhões de dólares na época.


10 – Claro que os fatos aqui registrados vão continuar sendo ilustres desconhecidos das pessoas que pedem a INTERVENÇÃO MILITAR, porque as pessoas que querem a volta dos militares odeiam textos com mais de TRÊS LINHAS. É uma pena!!!

17/12/2017

Xadrez da grande bacanal pós-impeachment, por Luís Nassif

Esta semana dei uma palestra no encontro da ANDIFES (Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior). No encontro, a mesma dúvida: qual o prazo de validade do modelo econômico e social que está sendo implementado com a tomada do poder pela organização criminosa liderada por Eduardo Cunha?
Ouso dizer que é curto.
Acompanhe o raciocínio.
Peça 1 - a legitimação de Collor e FHC
Fernando Collor ganhou a presidência por mérito próprio, por ter entendido, antes dos demais candidatos, os novos ventos que surgiam.
No plano interno, a enorme ojeriza à centralização brasiliense, remanescente do regime militar; e a desconfiança em relação aos quadros políticos que se apossaram do poder, no governo José Sarney.
No plano internacional, estava em pleno vapor a onda liberal inaugurada por Margareth Thatcher e Ronald Reagan.
Em todos os períodos da historia, os movimentos políticos internacionalistas sempre necessitaram do endosso das grandes ondas globais. Foi assim no fim da Monarquia até a Primeira Guerra. E no período pós ditadura, com as eras Collor e FHC.
A onda anti-centralização, anti-mordomia, anti-Brasília, junto com o discurso thatcheriano era tão forte que permitiu a Collor cometer enormes erros, desmanchar políticas públicas bem-sucedidas, montar maracutaias com a privatização, mediante o uso das moedas podres. Mas trazer ganhos na abertura da economia.
Já a legitimação de Fernando Henrique Cardoso decorreu exclusivamente do Plano Real. Qualquer crítica a política implementadas era respondida com a mesma frase padrão: você quer a volta da inflação?
Esse jogo permitiu que os erros de FHC, especialmente com o câmbio, levassem o país à bancarrota logo após as eleições de 1998. Com o apoio decisivo da mídia, saliente-se.
Assim, a legitimação durou um mandato. O segundo foi um governo fantasma.
Ou seja, duas experiências internacionalistas, uma que não durou um mandato sequer, outra que durou apenas um mandato, mesmo tendo o enorme handicap do fim da inflação.
Peça 2 - os fatores de (des)legitimação de Temer
O primeiro  fator de deslegitimação é o mais óbvio: Temer é o segundo homem na hierarquia de uma organização criminosa presidida por Eduardo Cunha. Ponto. Seria o mesmo que pretender modernização com um Fulgêncio Batista na Cuba pré-Fidel, um Rafael Trujillo na República Dominicana, um Noriega, no Panamá.
Pode-se conseguir a modernização com um déspota esclarecido. Com um bandido, nunca.
A razão é simples.
·       Toda organização criminosa quer roubar.
·       Processos de mudança abrem enorme espaço para negócios.
·       Subordinando as mudanças ao roubo, perde-se a perspectiva de qualquer projeto estruturante ou legitimador.
Portanto, cortem essa história de que a disputa é entre dois projetos de país: um suposto projeto petista e um suposto projeto liberal da Ponte para o Futuro. É entre a modernidade e o banditismo, que é inerente ao modelo de implementação das medidas previstas na tal Ponte.
Pretender mudanças no ambiente político atual significa abrir o cofre do banco e dispensar  a segurança. É o que está sendo feito, aliás.
Peça 3 - os templários do liberalismo
O segundo fator é a visão extremamente tecnocrática e amadora dos templários do liberalismo.
Há uma estratégia para a guerra e outra para a vitória. A guerra permite toda sorte de radicalização do pensamento, a criação de utopias, o pretíssimo no branquíssimo, a exploração da figura do inimigo, como acontece com todos os arautos das guerrilhas ideológicas.
Já o exercício do poder exige discernimento e avaliação correta sobre os limites da realidade, conhecimento das engrenagens políticas, sociais  e econômicas de um país complexo, o ritmo de implementação etc.
Por aqui, os liberais lançaram diversos esquadrões armados de slogans e, no poder, não colocaram um maestro com conhecimento da posologia, do ritmo de implementação de mudanças, dos limites, das restrições impostas pela realidade. São os slogans se tornando políticas de Estado.
Desde o Cruzado o país é vítima desses cabeções, que julgam que quanto mais radical, mais virtuosa a política. Só ganham sabedoria depois que são expulsos do poder pelos excessos cometidos.
Em toda essa balbúrdia, nenhum aceno social, nenhuma palavra em direção aos direitos de minorias, nenhuma tentativa de legitimação.
Toda a estratégia é de curtíssimo prazo, de olho exclusivo no mercado e de acordo com a visão dos GPS, 3Gs e o escambau do mercado. Consiste em adquirir um ativo, rentabilizá-lo no curto prazo e passá-lo adiante, ganhando na sua valorização imediata.
Está aí o desastre da Estácio de Sá para comprovar os efeitos do padrão GP de rentabilidade máxima.
Hoje, o ativo é o Brasil.
Peça 4 – a economia em 2018
2018 entrará com o seguinte ritmo:
1. PEC do Teto: não passará do primeiro ano
A menos que se aceite como inócuo o desmantelamento de todos os serviços públicos, a PEC do Teto é inviável. Quando as multidões, abraçadas com prefeitos e governadores, entidades sindicais, associações saírem às ruas exigindo remédios, saúde, educação, segurança, o que o Planalto irá fazer? Colocar na frente do lago o Marcos Lisboa e o Monsueto de Almeida com uma calculadora, para explicar a lógica do plano?  Terá as mesmas explicações que o inacreditável Paulo Hartung no Espírito Santo.
2. Os efeitos da lei trabalhista ficarão claros
Uma legislação que precisaria, de fato, ser modernizada, é empurrada goela abaixo, sem garantia de continuidade. O efeito imediato é esse massacre, do qual o caso Estácio de Sá se tornou o exemplo maior.
3. Vôo de galinha da economia
Não adianta os comentaristas da Globo celebrarem 0,1% de crescimento como se fosse recuperação. É a mesma coisa que comemorar o fato de ter parado de cair a popularidade de Temer, quando chega próxima de zero. Trata-se apenas de um processo cíclico, que sucede às grandes quedas. A economia continuará amarrada aos enormes passivos do período de crise, a uma política fiscal e monetária pró-cíclica (isto é, que acentua o ciclo de recessão) sem nenhuma alavanca capaz de relançá-la.
4. A humilhação do país nas mãos de uma quadrilha
A cada dia que passa, mais vai caindo a ficha geral de que o país está nas mãos de uma quadrilha. E, agora, uma quadrilha avalizada pelo único candidato do continuísmo com alguma possibilidade, Geraldo Alckmin.
Peça 5 - as eleições de 2018
O golpe foi uma aliança dos seguintes setores:
PSDB-mídia + Judiciário + Ministério Público + evangélicos + quadrilha de Temer-Cunha
O amálgama que junta juízes, procuradores e deputados é o moralismo pré-histórico da ultra-direita, seu discurso contra direitos das minorias, contra o casamento homoafetivo e todos os avanços das modernas democracias.
Não é por outro motivo que, na CPI da JBS, celebrou-se o acordo dos governistas, poupando a Lava Jato das denúncias de Tacla Duran.  Foi a constatação óbvia de que a Lava Jato é essencial para a manutenção do continuísmo.
A noite do terror não terá vida longa por várias razões:
A implosão do núcleo do golpe
A construção institucional de um país depende da Constituição e de de um conjunto de leis, de práticas. A institucionalidade impõe limites, não apenas legais, mas de conduta a todos os poderes.
Quando se atravessa o Rubicão, como no caso do impeachment, todo esse edifício rui. Se se pode derrubar uma presidente ao arrepio da Constituição, tudo o mais será permitido. Que o diga o excelso Ministro Luís Roberto Barroso, principal padrinho do estado de exceção e da flexibilização  da Constituição.
E aí vira a suruba portuguesa, com procuradores desmoralizando Ministros do STF pelo Twitter, Ministros do STF sendo desmoralizados sem necessidade de ajuda externa, negociatas à luz do dia, na forma de venda de estatais, venda de projetos de lei, venda de proteção, Judiciário colocando adversários em cana (como no caso do ex-governador Garotinho), Conselho Nacional de Justiça (CNJ) punindo juízes legalistas. E cada um tentando puxar a brasa para a sua sardinha e vivendo intensamente como se não houvesse amanhã, não houvesse feios a essa orgia de poderes individuais.
Quando o golpe é conduzido por um poder central - um ditador ou uma corporação, como foi o caso de 64 -, ele se impõe sobre a balbúrdia geral. Quando o golpe é a balbúrdia, se esgota em suas próprias contradições.
O núcleo do impeachment virou de tal modo uma casa da mãe Joana que o presidente quer continuar, o Ministro da Fazenda quer o lugar do presidente, o maior aliado, PSDB, quer lançar candidato, mas não sabe se fica ou se sai, os jornais multiplicam-se em seminários de pouca relevância e alto patrocínio de estatais e, ao mesmo tempo, fingem que criticam o governo, para não se desmoralizar de vez perante os leitores.
Esse é um quadro sintético do que está acontecendo com os vitoriosos do golpe. Completa-se o quadro com a incapacidade de gerar sequer um candidato competitivo para 2018.
A impossibilidade do Estado de Exceção
Se não podem manter o poder pelo voto, manteriam pelo estado de exceção.
No curto prazo, a Lava Jato e o TRF4 dão conta. No médio, não.
A Constituinte de 1988 mostrou o avanço das organizações civis, invisibilizados pela mídia. De repente, como que do nada, surgiram grupos organizados indígenas, negros, de camponeses, de direitos humanos, de quilombolas etc.
Hoje em dia, com o advento das redes sociais, e com o próprio desenvolvimento nacional com as grandes conferências, os grupos de interesse multiplicaram-se. Há organizações de defesa dos deficientes, da Amazônia, dos LBTGs, das mulheres, da educação, da saúde, da assistência social, da ética nas empresas. Cada estado tem seu coletivo, suas organizações próprias, sem contar o sistema tradicional dos sindicatos e associações.
Hoje em dia, mesmo em setores empoderados pela direita - como Polícia Federal e Ministérios Públicos - existem os coletivos democráticos. Mais: todos os movimentos sociais apostam na democracia, esvaziando a tese do golpe preventivo.
Esses avanços, por sua vez, desenvolveram um mercado de opinião publicada – por tal, entenda-se o público classe média midiática -, menos estridente que os MBLs da vida, mas que gradativamente vai se tomando de enjoo com o discurso da indignação vazia e com os preconceitos da ultradireita.
Como já previsto em outros artigos, cada vez mais o primeiro time da imprensa brasileira tenta vestir o figurino do conservador inglês, conservador na economia, liberal nos costumes e discreto no linguajar.
É um movimento lento, que tende inicialmente a poupar o principal aríete da ultra-direita – os abusos da PF e do MPF no padrão Lava Jato -, mas que é irreversível no sentido de combater os excessos radicais.
Tudo isso demonstra uma musculatura e uma vitalidade que torna impossível qualquer veleidade de ditadura de médio ou longo prazo.
A inviabilidade Eleitoral da Ponte
Por outro lado, a Ponte para o Futuro não resiste a um teste de urna. É inviável eleitoralmente.
Não foi o petismo que deu a vitória a Dilma Rousseff em 2014, mas divisão do país entre o anacrônico e o moderno. A cada dia que passa, mais a face do golpe se confunde com as práticas mais anacrônicas.
Ontem, foi a vez do Congresso trazer de volta os manicômios. E há razões para isso. Em outros tempos, os manicômios eram fonte de enriquecimento de diversos coronéis políticos, como o ex-deputado Inocêncio de Oliveira. Sempre foram uma fonte inesgotável para sugar recursos do INSS.
Peça 6 – o fruto da árvore proibida
Com o início da era FHC, o PSDB abriu mão definitivamente das teses modernizantes. Tornou-se um partido rancoroso, sem identificação maior com os avanços sociais e morais. E negociando cada vez mais com lobbies externos, das incursões pioneiras de Pedro Malan no Banco Mundial, e de José Serra com a Nordisk, no episódio rumoroso de licitação de insulina, quando era Ministro da Saúde aos jogos atuais com a lei do petróleo.
Com todos seus defeitos, com todos os erros cometidos, com a falta de visão de Nação, com os erros econômicos da era Dilma, com a leniência da era Lula com mercado e mídia, o PT continua sendo o desaguadouro dos movimentos modernizadores apartidários.
Se num passe da mágica, a Lava Jato, com Temer, PSDB, Gilmar, mídia e a rapa conseguissem eliminar o partido, ainda assim toda essa frente social se manteria unida em torno do partido ou candidato que exprimisse esses valores.
Tudo isso porque deixaram o país provar o fruto da árvore proibida.
Durante algum tempo, o Brasil aprendeu que é possível erradicar a pobreza com políticas bem concebidas, que a redução da pobreza aumenta o mercado interno, produzindo um circulo virtuoso. Aprendeu que é possível desenvolver uma indústria da saúde, avançar na educação, participar dos jogos diplomáticos internacionais, criar uma indústria de defesa, remontar a indústria naval.
Podem destruir enquanto tem tempo.
Mas no fundo da memória nacional já foi plantada a palavra de ordem: nós podemos!
(OBs: Na peça 2 acima, o negrito e a fonte itálica foram por mim alteradas)